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domingo, 6 de novembro de 2011

Empresa contratada para fazer marketing em Pompéu é suspeita de montar licitações.


Publicação: 05/11/2011 06:00 Atualização:
Uma conversa telefônica entre representantes de duas agências publicitárias levantou a suspeita de um possível esquema de corrupção em uma licitação da Prefeitura de Formiga, no Centro-Oeste de Minas. Na gravação, o proprietário da empresa Lume Comunicação, de Belo Horizonte, Moisés Júnior Rosa, tenta convencer o diretor de atendimento da Traço Leal (de Itajubá, Sul de Minas), Alan Aureliano Gomes, a desistir da concorrência. A gravação foi enviada à Câmara Municipal, que pretende repassar uma cópia para a Polícia Federal de Divinópolis. O Ministério Público (MP) estadual instaurou inquérito para apurar se houve algum tipo de direcionamento na licitação e identificar os envolvidos no processo.

 Na gravação, Moisés Rosa “avisa” ao diretor da Traço Leal que ele estaria “perdendo tempo e viagem” ao participar da licitação em Formiga. O empresário explicou ainda que a Lume havia vencido outras três licitações na cidade e que o novo processo fora aberto porque o valor da “modalidade havia exaurido”, chegando a R$ 650 mil. 

Durante a conversa, Moisés Rosa diz que “algumas prefeituras têm acordos” e ele estaria apenas “alertando” Gomes. Além de Formiga, a Lume Comunicação atende as prefeituras de Juatuba, Itatiaiuçu, Arcos, Córrego Fundo, Cláudio, Curvelo, Boa Esperança, Barão de Cocais, Três Corações, Guaxupé, Guanhães, Pompéu e Pouso Alegre, e as câmaras de Patos de Minas, Itaúna, São Sebastião do Paraíso e Pedro Leopoldo.

Indignado, Alan Gomes decidiu denunciar o caso e, em setembro, entregou uma cópia da gravação para a prefeitura, que procurou o Ministério Público e cancelou a licitação, que já estava em fase final. Um novo processo foi aberto esta semana. Como ainda não há certeza sobre o possível esquema de corrupção, a agência da capital poderá novamente fazer parte da concorrência. Com isso, o diretor da Traço Leal resolveu ir além e encaminhou o áudio para a Câmara de Formiga. “Apesar de estarmos há 25 anos no mercado, começamos a trabalhar com prefeituras há pouco tempo. Estávamos querendo abrir o leque de oportunidades e nos deparamos com essa situação revoltante”, explica. 

Desespero O proprietário da Lume nega qualquer tipo de irregularidade. Ele acredita que as denúncias podem ter sido motivadas por “desespero”, já que a Traço Leal vem perdendo licitações para a agência de BH há algum tempo. Moisés Rosa também garantiu que entrará com um projeto no novo processo de licitação. “Não vou me manifestar sobre a gravação, porque eu não tive acesso a esse áudio e não sei confirmar se o que está lá é realmente o teor da conversa que tivemos. Ainda não fomos notificados, nem pelo Ministério Público nem pela Câmara. O que posso adiantar é que não temos nada a temer”, declara. 

Segundo o promotor Marco Aurélio Rodrigues, o Ministério Público começará, nos próximos dias, a ouvir os envolvidos, para então identificar quem seriam os possíveis responsáveis pelo esquema. Ele acredita que, se houve um favorecimento, alguém dentro da prefeitura pode ter colaborado com a irregularidade. “Precisamos agora identificar se houve esse direcionamento ou se a denúncia é algum tipo de artimanha para vencer a concorrência”, explica. 

Para o presidente da Câmara, José Gilmar Furtado (DEM), o MP precisa investigar o passado da empresa. Ele acredita que outras cidades do interior de Minas podem estar envolvidas nesse esquema. “Vamos inclusive procurar a Polícia Federal para entregar uma cópia dessa gravação. Na minha opinião, esse áudio é uma prova concreta que há algo de errado nessa concorrência”, declara. 

O secretário de Comunicação de Formiga, Túlio Braga Fonseca, nega qualquer participação da prefeitura num possível esquema de fraude. Ele informou que, ao saber da suspeita de irregularidade, a administração municipal procurou imediatamente o Ministério Público. 

Íntegra das gravações

Alan: Deixa eu te falar, aquela hora eu não conversei direito com você e não entendi. Eu queria entender um pouquinho mais isso, porque, poxa vida... eu montei o processo (de licitação) todo já, cara!

Moisés: Não. Eu tô só te dando um toque para você não perder tempo de viagem.

Alan: P..., o que eu vou falar no meu escritó....

Moisés: Eu fiquei sabendo que você pegou (o edital para licitação) lá na quinta. Se eu soubesse antes (da sua intenção de participar do processo), eu te avisava.

Alan: Entendi, mas vem cá. (A licitação) Está endereçada para quem? 

Moisés: Pra nós. 

Alan: Para vocês da Lume?

Moisés: É.

Alan: Ah, é vocês que “atende” lá?

Moisés: É. Nós é que atendemos lá. 

Alan: Putz, mas não brinca não, sô!

Moisés: Fez uma nova (licitação) porque já tinha exaurido o valor da modalidade, entendeu? Já foi renovado três vezes, então já chegou em R$ 650 mil. E foi tomada de preço, então não teve como aditivar novamente. 

Alan: Eu entendi. Mas aí foge da legalidade, né, Moisés? Da participação....
Moisés: Não, ué... vai lá e participa... só estou te dando um toque, porque a gente se conhece e tudo. E, naquilo que eu sei que não vai dar, que você vai perder tempo, eu estou só te dando um toque.

Alan: A gente fica assim, porque isso é muito comum nas prefeituras. A gente está entrando nessa agora e às vezes fica decepcionado com essas coisas, porque a gente rala pra caramba aqui. 

Moisés: É igual lá na de Jequitinga que nós participamos.

Alan: Aquilo lá foi nojento, cara. Foi nojento. A gente trabalha com amor, com tanto carinho, para acontecer essas coisas... é complicado isso. 

Moisés: Infelizmente já tem umas (prefeituras) que já têm uns acordos.

Alan: Isso aí é esquema político de vocês? Apesar de vocês já atenderem essas contas...

Moisés: Já temos lá (Prefeitura de Formiga) há muito tempo.

Alan: Isso não é legal. Tinha que ter um esquema certo pra isso. É uma pena.

Moisés: Mas, se você quiser ir, fique à vontade. Só tô te dando um toque, porque é uma linha razoável, se não você vai perder tempo. 

Alan: Tudo bem então, Moisés.

Um comentário:

  1. Ai ai, Essa empresa de marketig com certeza deve ter pegado o dinheiro e cascado fora , poi a imagem do prefeito não tá tão boa assim não . Agora é foda gastar dinheiro com marketig e recusar ambulancia pra doente justificando falta de recursos . Coisa de politica de interior

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