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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dia do Basta: Direção do SINDPOL/MG marca presença neste importante evento



Com gritos pedindo o fim do voto secreto, a criminalização da corrupção e o imediato julgamento do mensalão, mais de mil pessoas se reuniram ontem, em Belo Horizonte, para pedir um basta para os escândalos de corrupção no país. A manifestação, que aconteceu em pelo menos outras 80 cidades e foi organizada pelas redes sociais, tomou conta das principais avenidas da região central da capital.

Com apitos, caras pintadas, faixas, cartazes e bandeiras nas mãos, ou até mesmo sem nenhuma fantasia, manifestantes de diferentes idades caminharam quase 5 km pelo centro da capital. "O importante é sair de casa e vir até aqui protestar contra a classe política do país. Não importa como", declarou o aposentado Jésus Miranda.

"O povo acordou, o povo decidiu. Ou para a roubalheira ou para o Brasil", "STF: o Brasil exige a punição dos mensaleiros" e "existem dois tipos de políticos: os suspeitos de corrupção e os corruptos" foram alguns dos dizeres dos cartazes que deram o tom à manifestação.

A empresária Luiza Machado afirma que um dos focos do movimento, o mensalão, precisa ter um desfecho imediato. A participação da população, nesse caso, seria uma pressão a mais. "O julgamento é um marco do que pode ser e do que não pode ser. É preciso cobrar. Não adianta ficar em casa reclamando".

Ela, que participou de outras três manifestações contra a corrupção na capital, foi uma das signatárias de dois abaixo-assinados que circularam entre os manifestantes: o que pede o fim do voto secreto na Câmara Municipal e o que classifica o crime de corrupção como crime hediondo.

Para o coordenador do movimento na capital, José Mourão, o evento foi apenas o começo de uma maior participação popular nas críticas aos políticos brasileiros. "Pelo menos em outubro, na hora do voto, as pessoas vão estar mais conscientes. Esperávamos que tivessem vindo mais pessoas, mas estamos satisfeitos".

Personalidades. Apesar da grande maioria dos manifestantes ser de anônimos, os vereadores Fábio Caldeira (PSB) e Adriano Ventura (PT) também participaram da caminhada. Eles não foram bem-recebidos pelos manifestantes que, durante a concentração do protesto, na Praça da Liberdade, chegaram a criticar a presença de políticos.

A coordenadora nacional do Dia do Basta, Laura Xavier, foi outra a reclamar do fato de algumas pessoas estarem usando o evento para se promover e, até mesmo, tentar fazer discursos populistas.
O ex-jogador de futebol Dadá Maravilha participou do ato e declarou que o Brasil "é um país injusto".
Hino nacional
Mensalão. Uma nova mobilização popular deve ser marcada para este ano pedindo o julgamento do mensalão. Ao chegarem, ontem, à praça Sete, os manifestantes pararam o trânsito e cantaram em coro o hino nacional.
MINAS
Interior engrossa coro pela ética e cidadania
Outras oito cidades mineiras também tiveram seu Dia do Basta. Em Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, cerca de 500 pessoas participaram da mobilização. Elas se reuniram na praça do Shopping e caminharam por diversas ruas do centro da cidade.

Essa é a primeira vez que moradores de Valadares se unem em ato contra a corrupção. Durante a passeata, cartazes, faixas e palavras de ordem marcaram o tom da indignação pela corrupção e os corruptos.

Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, mais de cem pessoas compareceram à marcha, que partiu da prefeitura da cidade e terminou em frente à Câmara Municipal. Um dos cartazes dizia que "o político brasileiro é o maior religioso do mundo: em cada obra, ele leva um terço".

Alfenas, Caxambu, Itajubá, Uberlândia, Ipatinga e Santa Rita do Sapucaí também fizeram manifestações.

Para a coordenadora nacional do movimento, Laura Xavier, o ato foi um sucesso. Segundo ela, a mobilização foi criada com o objetivo de incomodar, de mostrar que o povo brasileiro é consciente e está ligado nas questões do país.

O movimento também reuniu outros grupos populares conhecidos por uma atuação voltada à política. Um deles, o Reforma Política Já, aproveitou o espaço para apresentar algumas propostas defendidas, como a ficha limpa e mudanças nas eleições.

Dia do Basta exige julgamento rápido do caso mensalão
BRASÍLIA. As manifestações contra a corrupção ocorreram, ontem, em todo o país, marcando o Dia do Basta. Os protestos tiveram temas variados em cada local, mas a agilidade no julgamento do mensalão e celeridade do Supremo Tribunal Federal (STF) foram os principais alvos. Em Brasília, 3.000 manifestantes lotaram a Esplanada dos Ministérios. Eles exigiram do STF a votação imediata do processo do mensalão.

No Rio, manifestantes se reuniram na manhã de ontem, em Ipanema, também para cobrar dos ministros do STF celeridade no julgamento do mensalão. Quem passou pela praia foi convidado a assinar uma petição pública que será entregue ao ministro Ricardo Lewandowski no dia 25, quando integrantes dos grupos Transparência Brasil e Queremos Ética na Política têm audiência marcada com ele. Lewandowski é revisor do processo do mensalão. As assinaturas serão somadas às que já estão sendo pedidas na petição on-line.

Segundo o organizador do movimento, Marcelo Medeiros, o Supremo não pode mais adiar o julgamento. "Queremos o julgamento já. Alguns crimes, como formação de quadrilha, já prescreveram. Não podemos deixar esses corruptos impunes".

Ao contrário do que se imaginava, o senador Demóstenes Torres e o contraventor Carlinhos Cachoeira não foram os focos da passeata. Já o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), envolvido nas denúncias que desembocaram na CPI do Cacheira, não foi poupado.

O Movimento de Combate à Corrupção, que se diz apartidário, mas tem o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil, se articula para participar da CPI. O movimento vai apresentar um requerimento para ter acesso às reuniões da comissão da Câmara.

Fonte: Jornal O Tempo, 22 de abril de 2012

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