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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Violência vira pesadelo para moradores de Divinópolis


Simone Lima - Estado de Minas

Dona de casa se apoia no neto de 2 anos para enfrentar a falta do filho, morto aos 20 anos em Divinópolis - (NANDO OLIVEIRA/ESP. EM/D. A PRESS)
Dona de casa se apoia no neto de 2 anos para enfrentar a falta do filho, morto aos 20 anos em Divinópolis
Para a dona de casa, S.R.O., de 53 anos, é impossível falar do dia 5 de outubro de 2009, sem lágrimas nos olhos. Nessa data, o filho Rayone Fonseca Oliveira, foi assassinado com dois tiros, quando se preparava para dar entrada em uma clinica de reabilitação em Divinópolis, a 120 quilômetros de BH. O motivo do crime nunca ficou claro e, para a mãe, resta apenas as lembranças dos momentos felizes e a saudade. A cidade registrou a maior elevação do número de homicídios, de acordo com dados da Fundação João Pinheiro.

Com medo de ser ameaçada, S.R.O. preferiu manter em sigilo sua identidade. A preocupação maior é com o neto de 2 anos, filho de Rayone, que acabou se tornando o maior consolo da dona de casa. “Ele morreu no auge da juventude, tinha tantos planos. Ele iria se casar com a namorada, com quem teve um filho. Hoje, meu neto é a maior alegria. Os dois se parecem tanto”, conta.

Rayone morava em Divinópolis, no bairro São Simão, com a família. Ele foi assassinado quatro dias depois de ter completado 20 anos. O jovem era usuário de drogas e, no mesmo dia em que foi morto, estava preparando as malas para se internar em uma clinica de reabilitação. “Ele queria mudar de vida. Na noite anterior ele me abraçou e disse que iria se tornar um novo homem. Que queria um futuro diferente”, conta. 

Pouco antes de partir para os nove meses de tratamento, que exigiria total isolamento do rapaz com a sociedade, Rayone abraçou a mãe e disse que precisava resolver algumas pendências. Por volta das 14h, a mãe recebeu a notícia que o filho havia levado dois tiros a queima roupa. Os suspeitos nunca foram encontrados. “A saudade quase me mata todos os dias. Ser vítima da violência é algo que não consigo explicar. O que me dá forças hoje é meu neto. Não tem um dia que eu não pense no meu filho”, diz. 

Para o comandante do 23º Batalhão da Polícia Militar, Eduardo Campos de Paulo, o aumento no número de homicídios em Divinópolis no ano de 2009 não foi nenhuma surpresa. Ele questiona, no entanto, porque as informações não foram divulgadas a mais tempo, afirmando que, hoje, a realidade da cidade é outra. “Nos últimos dois meses não registramos nenhum homicídio na cidade. Ano passado, com a crise econômica, tivemos sim um aumento de crimes no município. Mas esse quadro hoje é diferente”, declara. Esse ano, Divinópolis registrou 10 homicídios, sendo seis em janeiro.

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