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quarta-feira, 24 de julho de 2013

Na contramão da Região Sudeste, Minas tem aumento de 80% em homicídios.

Especialistas acreditam que a falta de investimento e a concentração de recursos em locais equivocados estão entre os motivos do crescimento do crime no estado, apontado pelo Mapa da Violência 2013. Minas Gerais foi o único estado do sudeste brasileiro a apontar crescimento no múmero de assassinatos, num período de dez anos.

Enquanto alguns importantes estados do sudeste brasileiro comemoram a redução de homicídios, Minas Gerais segue na contramão com o aumento do crime, segundo Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil, publicado na última semana. A Região Sudeste foi a única do país que apresentou queda no número de assassinatos e os principais estados responsáveis por essa boa notícia são Rio de Janeiro e São Paulo, que diminuíram cerca de um terço das mortes em dez anos. Já em Minas Gerais, os homicídios aumentaram 80% no mesmo período.

Belo Horizonte também aparece como a capital com maior índice de homicídios, na Região Sudeste. Entre 2001 e 2010, a capital mineira teve aumento de 21% no número de mortes, passando de 791 para 961. As outras capitais da região, Rio de Janeiro, São Paulo e Vitória apresentaram queda no número de homicídios. Outras quatro cidades de Minas Gerais também ganharam destaque no estudo, ocupando lugares no ranking das 100 cidades brasileiras com maiores taxas de homicídio. São Joaquim de Bicas está em 54º lugar, seguida de Aimorés, em 55º, Esmeraldas, em 59º e Betim, em 69º.

Para Denílson Martins, que é Presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Minas Gerais (SINDPOL/MG), especialista em Criminologia e Conselheiro Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, a base do problema está no modelo das políticas de segurança pública do estado, que não exploram as motivações dos crimes. Além disso, ele também critica a falta de investimento na polícia judiciária. “Minas Gerais não investe quase nada em repressão qualificada, que são as ações de investigação. São apenas 600 peritos para o estado inteiro. Se os delitos não são apurados aumenta os delinquentes contumazes, que são aqueles que já têm o crime como profissão”, afirma.

Ele destaca que entre as principais origens da violência está o tráfico de drogas, que influência crimes que vão desde o roubo até assassinatos. Também cita a violência doméstica, como um crime ainda pouco combatido no estado e que continua acontecendo porque os agressores contam com a impunidade. “A violência à mulher normalmente começa com uma lesão corporal e termina com morte. Se a investigação e a punição para o crime viessem mais rápido, desestimularia a segunda agressão”, afirma.

O Presidente do SINDPOL/MG também destaca a falta de investimento nas delegacias como outro motivador do aumento da violência no estado. Ele afirma que em algumas cidades do interior de Minas, corpos de vítimas de crimes são enterradas em covas rasas para, meses depois, serem exumados e passarem por perícia, já que não há profissionais suficientes para atender à demanda. Segundo ele, Minas Gerais conta com 50 mil policiais militares e nove mil policiais civis. Enquanto isso, em São Paulo, são 120 mil PMs e 40 mil policiais civis. “É muito desproporcional e é por isso também que o crime aumentou mais aqui”, frisa.

Investimento equivocado

O professor da PUC Minas e especialista em criminalidade e segurança pública, Robson Sávio Reis Souza, afirma que o aumento dos homicídios em Minas Gerais tem origem numa política equivocada de investimento na segurança pública. Ele explica que, desde 2003, durante o mandato de Aécio Neves no Governo de Minas Gerais, o estado concentrou os gastos nos salários e estrutura da Polícia Militar e no sistema prisional. “O governo passou a direcionar os recursos para essa máquina onerosa, ficando com um orçamento de mais de R$7 bilhões, inibindo novos investimentos”, explica.

A situação ficou ainda pior no governo atual, de acordo com a análise do professor. Isso porque, além do investimento exagerado no policiamento militar e nos presídios, o governador Antonio Anastasia não continuou com os projetos de integração das polícias e de prevenção à violência. “A diminuição da ação de intergração e prevenção e a aposta nas medidas repressivas refletiu no aumento das taxas de violência. O estado ficou incapaz de agir proativamente, deixando o crime chegar até mesmo no interior”, conclui.

Governo responde

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais (Seds) destacou que, apesar do crescimento, Minas Gerais continua com a 22ª posição do ranking nacional de mortes por homicídios. Afirmou, ainda que os índices serão analisados por especialistas em segurança pública, o que vai “nortear novos investimentos em segurança pública para os próximos meses em Minas”.

A Seds também afirmou que as polícias estão sendo equipadas com material humano e equipamentos desde o início do ano e que, nos próximos meses, novas viaturas serão adquiridas. A secretaria ainda garantiu que novos Centros de Prevenção à Criminalidade serão criados.

Fonte: Portal Minas Livre

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