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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Policiais civis fazem paralisação para protestar contra morte de policial


Superintendente foi morto quando fazia escolta de um preso, na quinta (5). 
Categoria também reivindica melhorias na estrutura de delegacias do PR.

Do G1 PR
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Em Foz do Iguaçu, policiais sinalizaram o luto com faixas pretas em vários lugares  (Foto: Fabiula Wurmeister / G1)Em Foz do Iguaçu, policiais sinalizaram o luto com faixas pretas na fachada da delegacia, nos braços e nos carros policiais (Foto: Fabiula Wurmeister / G1)
Policiais civis do Paraná estão paralisados desde a 0h desta sexta-feira (6) para protestar contra a morte do superintendente da Delegacia de Campo Largo, Marcos Gogola, que foi morto com um tiro na nuca, na quinta-feira (5), em um consultório dentário. De acordo com o Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná (Sinclapol), a categoria também reivindica melhorias na estrutura das delegacias do estado e nas condições de trabalho.  A paralisação está prevista para durar 24 horas, conforme o sindicato.
"Na verdade, nós sofremos da síndrome da tragédia anunciada. Já estamos reclamando dessa situação ao governo, à Secretaria da Justiça e da Cidadania do Estado do Paraná (Seju) e à própria justiça. Temos uma ação civil pública com relação à guarda de presos por policiais. O policial nunca teve o treinamento da guarda e da escolta de presos. O policial civil é feito para investigar e descobrir quem cometeu o crime e nunca cuidar do preso", declara o presidente do sindicato, André Gutierrez.
O superintendente foi morto enquanto aguardava um preso, de 22 anos, que estava sendo atendido no consultório. Segundo a polícia, um carro escuro chegou ao local e três homens entraram na clínica para resgatar o detento. O agente de cadeia, que escoltava o preso junto com o superintendente, também foi baleado. Ele foi atingido nas costas e hospitalizado com ferimentos graves. Já o superintendente morreu na hora. Após os disparos, os criminosos e o preso que estava no consultório fugiram.
Testemunhas ouvidas pela polícia relataram que um dos criminosos atirou no superintendente quando ele já estava desarmado. O carcereiro, por não ser policial, não tem autorização para usar arma. 
Os policiais civis montaram uma megaoperação para investigar o caso e para procurar os fugitivos. No início da noite, o preso que havia sido resgatado do consultório tinha sido recapturado. Ele foi baleado junto com outro criminoso que ajudou na fuga e foi levado para o hospital.  Ao todo, quatro pessoas estão presas. Um criminoso morreu durante uma troca de tiros.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná (Sesp-PR), informou que a superlotação carcerária é um problema crônico que se arrasta há mais de 30 anos no estado. "Pela primeira vez, o Governo do Estado está unindo esforços para resolver o problema, com diálogo e estruturação da Secretaria da Justiça para assumir toda a responsabilidade de guarda e custódia de presos", informa um trecho da nota. Conforme o órgão, a superlotação em delegacias (sob guarda de policiais civis) baixou de 11.660 presos, em janeiro de 2011, para 3.832 presos em agosto deste ano. Atualmente há 6.315 presos em gestão compartilhada.

A nota informou também que, no início deste ano, o governo do estado já tomou as primeiras medidas para formação de um grupo especializado na escolta de presos.
Protestos no interior
Em Foz do Iguaçu, no oeste, o protesto deve durar até as 14h. Equipes que atendem cidades da região colocaram faixas pretas na fachada da delegacia, nos braços e nos carros policiais em sinal de luto.
Em Maringá, no norte, aproximadamente 50 policiais organizaram um ato de solidariedade dentro da delegacia por volta das 10h30. Eles se vestiram de preto e fizeram orações em favor da morte do superintendente Gogola.
Todas as delegacias abrangentes pela 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa, que envolve 18 municípios da região dos Campos Gerais, que estão com as portas fechadas. De acordo com o Sinclapol-PR, apenas as equipes de plantão estão trabalhando. Casos como homicídio, prisão em flagrante e lesão corporal pela lei Maria da Penha são atendidos normalmente.
Demais serviços, como confecção da carteira de identidade, só voltarão a funcionar na segunda-feira (9). No período da tarde está prevista uma manifestação em frente à delegacia de Ponta Grossa.
Em Guarapuava, as seis cidades pertencentes a 14ª subdivisão policial também estão trabalhando no sistema de plantão com atendimento de casos de homicídio e flagrante. Serviços administrativos voltam a funcionar na segunda-feira. "Nós aderimos à paralisação em sinal de luto. A gente vem batendo junto à secretaria da Justiça, reclamando da situação de escolta e guarda de presos, mas infelizmente, não fomos ouvidos a tempo até acontecer a morte do policial", argumenta o delegado sindical Mikhail Gronkoski. Durante a tarde, os policiais vão instalar faixas e entregar panfletos à população para explicar o motivo da paralisação.
Os policiais civis de Paranavaí, no noroeste, não paralisaram as atividades, mas no início da manhã fizeram uma oração lembrando o superintendente Gogola.
Em Umuarama, o atendimento à população está comprometido. Os policiais cruzaram os braços e estão paralisados em frente a Delegacia da Polícia Civil com faixa de protesto e luto. Dois policiais trabalham em regime de plantão e os atendimentos são destinados apenas a ocorrências graves, como registro de pessoas desaparecidas, ocorrências de furto, homicídios e sequestros. O grupo também protesta contra o acúmulo e desvio de função que ocorre dentro do órgão. Segundo os manifestantes, esse foi o prinicipal motivo  para a morte do superintendente.
Em Cianorte, as portas da delegacia estão fechadas e apenas os atendimentos de extrema urgência estão sendo realizados. No entanto, o atendimento ao público não foi comprometido. As unidades de investigações que compõe a delegacia estão operando em regime de plantão.
Os policiais civis de Londrina, também na região norte, vão realizar um protesto em frente a 10ª Subdivisão da Policia Civil às 14h. De acordo com o presidente do Sindipol na cidade, Ademilson Batista, os policiais distribuirão panfletos e conversarão com a população para explicar os problemas enfrentados dentro do órgão. "Atualmente, 10 mil presos estão sob a guarda da Polícia Civil no Paraná, mas os investigadores não são formados para serem carcereiros, isso é de responsabilidade da Secretaria de Justiça", explica.

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