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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Aeronáutica ignora principal rota aérea de tráfico de cocaína.

Aeronáutica ignora principal rota aérea de tráfico de cocaína
Mesmo após a Polícia Federal (PF) identificar em menos de dois anos sete aviões com grandes quantidades de pasta-base de cocaína e apreender mais de cinco toneladas da droga no Triângulo Mineiro, a Aeronáutica desconhece que o local seja alvo de tráfico aéreo e não tem nenhum planejamento de aumento do controle na região.
 
Por outro lado, a PF tem dois drones (aviões não tripulados) que poderiam ajudar no monitoramento, mas enfrentam problemas burocráticos e atuam em operações esporádicas apenas na fronteira do Brasil com o Paraguai.
Essa falha no monitoramento do tráfego aéreo é que torna o tráfico de cocaína por avião até o Triângulo um crime altamente lucrativo e de baixo risco. Como o transporte é feito por aviões de pequeno porte que voam em baixa altitude, eles não são captados por radares. A deficiência é admitida pela própria Força Aérea Brasileira (FAB), que, em nota, afirmou ter dificuldades para identificar “aviões sem plano de voo e sem contato com qualquer órgão de controle, decolando e pousando em pistas clandestinas”.
Sem esse controle, as apreensões de aviões com drogas são feitas somente quando as investigações da PF conseguem identificar quando e onde as aeronaves vão pousar. Em quase dois anos, isso ocorreu por seis vezes, mas a estimativa da própria PF é que pelo menos cem aviões pousem por mês em pistas irregulares do Triângulo Mineiro.
O chefe da PF em Uberlândia, delegado Carlos Henrique D’Ângelo, reclamou que já pediu à FAB um maior monitoramento. “Em uma reunião para discutir a situação, a Força Aérea afirmou que desconhecia a atuação de aeronaves fazendo tráfico de drogas no Triângulo. Mas sempre solicitamos apoio”, revelou o delegado.
A PF compraria 14 drones, em 2010, mas o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu processo por irregularidades, e a licitação foi paralisada. À época, apenas duas aeronaves foram entregues para atender o país.
Colaboração. Os drones têm câmeras de alta resolução e infravermelho, que mapeiam a região e identificam aviões suspeitos. Porém, os dois da PF atuam na fronteira e para voar precisam do apoio da Aeronáutica. Isso porque esses aviões não tripulados só podem operar em áreas em que o espaço aéreo esteja fechado, para evitar colisões com aviões tripulados.
Já a Força Área Brasileira conta com quatro drones, que já foram usados em operações da PF no Triângulo. Mas a FAB afirmou desconhecer o uso frequente das pistas do Triângulo para o tráfico.
Saiba mais
- No caminho. Desde 2012, o Triângulo Mineiro se transformou na principal rota área de entrada de cocaína no Brasil, segundo a Polícia Federal.
- Fiscalização. O interesse dos traficantes na região ocorreu depois de um aumento da fiscalização no Oeste paulista e de um maior risco no transporte rodoviário devido à utilização de escâneres pela Polícia Rodoviária Federal.

Anac quer discutir drone

Até o fim deste ano, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pretende desenvolver uma proposta de regulamentação para o uso de drones. O projeto deve ser alvo de audiência pública e pode ser publicado em 2014.

A Anac informou que para operar os drones é preciso conseguir uma autorização especial na própria agência e eles não podem ser utilizados em área urbana.
Embora o monitoramento por radares crie vazios de fiscalização que possibilitam aviões voarem em baixa altitude sem ser identificados, já existem tecnologias que solucionam esse problema, mas ainda estão longe de ser implantadas no Brasil.
 
Para evitar brechas, saída seria satélite 
Reinaldo Alves, professor de ciências aeronáuticas da Universidade Fumec, afirmou que é impensável que aviões que entram no Brasil sem ser percebidos consigam fazer o mesmo nos Estados Unidos. “Hoje, com certeza, o sistema brasileiro não é suficiente para fazer essa fiscalização de pequenos aviões. Estamos atrasados com relação ao que há de mais moderno no mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, já estão utilizando satélites para orientar o tráfego aéreo em detrimento dos radares. Eu já tive o meu momento romântico de acreditar que o avanço dos radares seria a solução para o tráfego aéreo. Mas, hoje, não tenho dúvidas de que o futuro desse setor é o satélite”, analisou.
Enquanto os satélites não são realidade no Brasil, apenas três radares fazem a fiscalização das aeronaves no Triângulo. Segundo a Aeronáutica, sempre que um avião estranho é identificado pelos radares, ele é abordado por caças e orientado a pousar.
Fonte: O Tempo

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