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sábado, 15 de agosto de 2015

Policia Civil conclui que pastor deu "chapéu" nas ovelhas e na comunidade.

Dinheiro era de uma doação ao projeto que Arlem Silva gerenciava.

Após prisão em Corinto, pastor se defendeu das acusações.

Anna Lúcia Silva e Ricardo WelbertDo G1 Centro-Oeste de Minas
Pastor Arlem Silva Amaral chega à delegacia em Divinópolis (Foto: Ricardo Welbert/G1)Pastor Arlem Silva Amaral chega à delegacia em
Divinópolis (Foto: Ricardo Welbert/G1)
O inquérito instaurado para averiguar o desvio de mais de R$ 1 milhão do Projeto Somos Amados em Divinópolis, concluiu que Arlem Silva Amaral, de 40 anos, é o responsável pelo crime de estelionato. Segundo o delegado regional Fernando Vilaça, o pastor vendeu cerca de 10 lotes que haviam sido doados. O valor que chega a R$ 1,5 milhão não foi restituído.
Ainda de acordo com o delegado, durante as investigações, a polícia descobriu que o pastor movimentava pelo menos cinco contas bancárias. “Contudo, em nenhuma das contas havia dinheiro. O valor desviado não foi encontrado ainda”, disse. Na época da prisão, o pastor se defendeu e disse que a investigação iria mostrar a verdade.
Arlem passou por várias cidades até se instalar em Corinto, que fica a cerca de 400 quilômetros de Divinópolis. “Nessa cidade ele havia iniciado uma atividade comercial com uma loja de roupas e calçados e vivia com uma jovem de 23 anos, que conheceu em Divinópolis”, contou Vilaça.
No início das investigações a hipótese trabalhada era de um possível roubo, já que o pastor disse para a esposa que havia ido a Belo Horizonte participar de uma reunião sobre o projeto Somos Amados. Depois das 23h o Arlem desligou o celular e desde então deu seguimento ao plano de fugir com a jovem e com o dinheiro desviado. Enquanto isso, a família defendia a hipótese de que ele havia desaparecido. Cogitou-se a hipótese de sequestro, assalto e roubo.
Investigação
De acordo com o delegado regional Fernando Vilaça, o suspeito desapareceu no dia 12 de junho último, com um veículo de alto valor. "Isso nos causou preocupação. Pensamos que ele pudesse ter sido vítima de roubo, sequestro, latrocínio, homicídio ou algo do tipo. A investigação teve início então, sendo ele uma pessoa desaparecida", contou.
Porém, a delegada que comanda as investigações, Adriene Lopes, concluiu que, na verdade, o pastor estaria praticando estelionato e desviando valores. Passou-se a suspeitar de que ele estivesse escondido e não mais desaparecido. "Ele foi localizado na cidade de Corinto, na região central do estado, e preso por uma equipe de investigadores", explicou Vilaça.
Segundo Adrine Lopes, o pastor era presidente da Associação Somos Amados e pastor da Igreja Pentecostal Independente. "A Somos Amados recebeu em doação, por meio de testamento, vários terrenos nos bairros Jardim Betânia e Planalto, deixados de herança por uma senhora. Arlem vendeu esses imóveis. Ainda não sabemos a quantidade exata desses bens, porque o inventário sobre eles ainda não está pronto. Não sabemos ainda como será, de fato, a partilha desses imóveis entre as entidades citadas no testamento", relatou Lopes à época.
A doadora deixou 50% dos bens para o Somos Amados e 50% para as Obras Sociais Frederico Ozanam. "Ninguém dessas obras sociais sabia que o pastor vendeu esses imóveis", pontuou a delegada.
Prisão
No dia da prisão Arlem Amaral chegou à delegacia em uma viatura. Algemado e de cabeça baixa, ele foi conduzido ao interior do prédio, onde poucos minutos depois foi apresentado à imprensa.
A entrevista com ele durou cerca de dois minutos. O suspeito se negou a entrar em detalhes sobre o crime. "Agora [a investigação] vai mostrar a realidade e a verdade para que essas situações se resolvam. Nada disso vai se sequenciar", respondeu.
Quando perguntado se era inocente no caso, ele respondeu: "Você vai descobrir daqui a pouco. Só isso. Não tenho mais nada a declarar", finalizou. Em seguida, o suspeito foi retirado da sala por policiais civis.
Delegados Fernando Vilaça e Adriene Lopes contam detalhes sobre o esquema (Foto: Ricardo Welbert/G1)Delegados Fernando Vilaça e Adriene Lopes contam
detalhes do esquema (Foto: Ricardo Welbert/G1)
Confiança demais
Por se dizer pastor evangélico, explicou a delegada, muitas pessoas acreditavam no que Arlem dizia. "Ele vendia esses imóveis e fazia um contrato de compra e venda. As pessoas davam de entrada algumas parcelas dos bens e outras pagavam o valor total. Essas pessoas, muitas delas fiéis da igreja em que ele celebrava cultos, agiram de boa-fé. Elas não podem ser consideradas como envolvidas no esquema, pois não sabiam que era uma fraude. O inventário desses imóveis ainda está na Vara de Família e Sucessões. Não sabemos ao certo quantos desses ele vendeu", afirmou a delegada.
Depois de vender os terrenos, Arlem passou a viver de cidade em cidade. Estabeleceu moradias temporárias em vários municípios e se envolveu com outras pessoas. Detalhes que a delegada evitou informar, para não comprometer as investigações. "O que dá para dizer é que foi descartada a hipótese de envolvimento da família de Arlem no esquema. Nós estamos investigando e não podemos adiantar muita coisa", reforçou.
Contas bancárias
A delegada afirma que pediu o bloqueio de cinco contas bancárias em nome de Arlem. "Porém, não havia valor significativo nessas contas. Apenas R$ 50. O dinheiro adquirido nas negociações de imóveis e veículos que ele fez certamente estão em contas que pertencem a outras pessoas", afirmou a delegada.

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