Sinval de Jesus ficou internado durante cinco dias
Imagem cedida / Mariana SantosAos 98 anos e travando uma batalha contra um câncer na bexiga, Sinval Cornélio de Jesus superou mais um desafio: a covid-19.
O idoso é um dos nove moradores do Asilo Vicentino de Martinho Campos, a 197 km de Belo Horizonte, infectados com o novo coronavírus, em um surto da doença que atingiu a instituição entre os meses de junho e julho.
Jesus foi levado para o hospital da cidade ao apresentar os primeiros sintomas, no dia 27 de junho. Os sinais não foram agressivos. Segundo a equipe do lar de repouso, eles se assemelhavam a uma gripe.
Devido à saúde frágil, Jesus não conseguiu conversar com a reportagem. Mariana da Silva Santos, coordenadora do Asilo Vicentino de Martinho Campos, relatou ao R7 que teve medo ao confirmar os primeiros casos da doença na instituição, mesmo adotando todas as medidas de proteção entre os internos e funcionários.
O histórico de doenças entre os idosos e a idade avançada de alguns causaram as maiores preocupações. A coordenadora do lar lembra da emoção que sentiu ao ver Sinval de Jesus retornando ao asilo cinco dias após a internação, assim como ocorreu com outros seis infectados.
— É uma sensação sem explicação, apesar do sufoco que passamos. Nós somos a família de muitos deles.
Mariana lamenta, entretanto, que dois moradores do asilo não tiveram a mesma sorte. José Tarcílio dos Santos, de 67 anos, amputado e com diabetes, morreu no dia 20 de julho. Quatorze dias antes, o colega Pedro Mendes de Souza, de 76 anos, também com histórico de outras doenças, não resistiu às complicações da covid-19.
Covid-19 entre idosos
A infectologista Adriana Cenachi, do Cievs Minas (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais), lembra que embora a doença se comporte de maneira diferente em cada pessoa, os idosos são as maiores vítimas
Dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde) apontam que quase 8 em cada 10 mortes provocadas pelo vírus em Minas Gerais são de pessoas com 60 anos ou mais.
Adriana avalia que no caso dos idosos que vivem em asilos a atenção deve ser redobrada, devido ao histórico de fragilidade social e de abandono familiar que alguns podem ter.
— Qualquer mudança de comportamento entre os idosos deve ser observada. Isso, naturalmente, já chama muita atenção dos cuidadodres que estão acostumados com o trabalho.
Um levantamento da reportagem aponta que ao menos 33 idosos que moravam em asilos foram vítimas da covid-19 no Estado. O grupo está entre os prioritários para teste do vírus em Minas. Além deles, os hospitais públicos só realizam exames em pacientes graves, detentos, indígenas e nos profissionais da Saúde e da Segurança Pública.