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O Futuro da Polícia: Distintivo Sem Alma

Dizem que ser policial é um chamado. Mas ultimamente, parece mais um concurso de estabilidade. O que antes era missão, hoje virou degrau de ...

sexta-feira, 30 de maio de 2025

O Futuro da Polícia: Distintivo Sem Alma


Dizem que ser policial é um chamado. Mas ultimamente, parece mais um concurso de estabilidade. O que antes era missão, hoje virou degrau de carreira. A vocação, essa centelha que movia os grandes investigadores, tem dado lugar a um pragmatismo gelado, onde o salário fala mais alto que a indignação diante do crime.

As delegacias já não são como antes. Os corredores onde ecoavam passos apressados de quem corria atrás da verdade agora estão silenciosos, ocupados por servidores que decoraram a Constituição, mas nunca sentiram o peso de interrogar uma mãe chorando pelo filho assassinado. São técnicos da investigação, não soldados da justiça. E quando a criminalidade avança, muitos apenas olham o relógio — porque está quase na hora de bater ponto.

A polícia civil, aquela que deveria ser a guardiã da verdade, está aos poucos perdendo sua essência. Os “raiz”, aqueles que respiravam a rua, conheciam o crime no olhar e faziam da delegacia sua trincheira, estão se aposentando. Saem de cena carregando nos ombros décadas de histórias, processos e cicatrizes — e deixando para trás um vácuo que não se preenche com técnica, apenas com alma.

Enquanto isso, o crime não tira férias. Evolui, se articula, ganha voz e espaço. Os bandidos estão mais ousados, e as leis, mais brandas. Um deslize do policial é tratado como escândalo nacional; já o desvio de um criminoso vira caso de “ressocialização”. A lógica se inverteu: pune-se o protetor e se compreende o predador.

E o futuro? Se seguir essa toada, veremos uma polícia cada vez mais técnica, mas cada vez menos eficaz. Profissionais que cumprem ordens, mas não enxergam além do que está no papel. Investigações feitas por obrigação, e não por indignação. Um sistema onde o crime se sente à vontade, porque quem devia enfrentá-lo está preocupado com bônus por produtividade — e não com justiça.

Mas nem tudo está perdido. Ainda há resquícios de resistência. Ainda surgem alguns que entram pela vocação, não pelo contracheque. Alguns que ainda sentem o estômago revirar diante da injustiça. Talvez, se esses forem ouvidos e valorizados, ainda seja possível reacender a alma da instituição.

Porque um distintivo sem coragem é só um pedaço de metal. E uma polícia sem propósito é só mais um órgão do Estado — quando deveria ser seu escudo.

— Fica a reflexão.

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