A partir do dia 5 de fevereiro, sexta-feira, véspera de carnaval, os delegados de Minas Gerais trabalharão três horas por dia. A operação tartaruga é um protesto ao escalonamento dos salários dos funcionários do Estado, medida adotada pelo governo de Minas para aliviar os cofres públicos. “Como eles vão nos pagar menos de 30%, nós vamos trabalhar proporcionalmente”, afirma o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais (Sindepominas), Marco Antônio de Paula Assis.

Apesar da redução no expediente, Assis explica que os casos graves serão atendidos. “O delegado estará na delegacia durante as oito horas e atenderá os flagrantes emergenciais. Os casos simples, no entanto, terão que aguardar a entrada do próximo delegado”, diz.

O piso dos delegados é de R$ 11.700. A categoria, portanto, se enquadra nos 25% que irão receber o salário parcelado em três vezes. Quem recebe acima de R$ 6 mil vai será pago em três parcelas: R$ 3 mil nos dias 5 de fevereiro, 7 de março e 7 de abril; R$ 3 mil nos dias 12 de fevereiro, 11 de março e 12 de abril; e o restante nos dias 16 de fevereiro, 16 de março e 15 de abril.

Conforme explica o presidente do Sindepominas, a redução da jornada será estendida até o dia 12 de fevereiro, quando a segunda parcela dos salário será paga. Nesta data, os delegados voltarão a trabalhar seis horas diárias. Só depois do dia 16 de fevereiro, quando a última parcela for paga, a jornada será cumprida normalmente. “É um direito do trabalhador receber o salário em dia”, diz o presidente do sindicato.

A redução na agenda foi aprovada em assembleia geral realizada no último dia 11, quando uma proposta de greve foi rejeitada pela categoria. Além de criticar o escalonamento dos salários, Assis afirmou que a quantidade de profissionais que atuam nas delegacias do Estado é inferior à necessárias. Segundo ele, um estudo elaborado em 2010 apontou a necessidade de pelo menos 1988 delegados em Minas Gerais.

“Isso, há cinco anos. Hoje, somos 1.200, quase 800 a menos. O governo precisa realizar um concurso com urgência. É necessário, ainda, melhorar as condições das delegacias. A situação de muitas é precária”, lamenta.

Sem dar mais detalhes, a assessoria de imprensa da Polícia Civil afirmou que a Chefe de Polícia do Estado, Andrea Cláudia Vacchiano, a quem o ofício do Sindepominas foi encaminhado na terça-feira (20), irá conversar com as entidades representativas.