sábado, 12 de julho de 2014

A verdade é que não perdemos apenas a Copa do Mundo de 2014

Publicado por Getúlio Costa Melo - 2 dias atrás
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Para aqueles apaixonados por futebol, com certeza o dia 08 de julho de 2014 será marcado como um momento de vergonha na histórica esportiva do país, afinal, foram sete gols feitos por uma única seleção.
A tristeza pairou sobre inúmeros brasileiros que assistiam a derrota contra a seleção alemã. Choro, falta de ar, raiva, frustração e indignação foram uns dos tantos outros sentimentos expressados pelas pessoas.
Realmente, quase todos os brasileiros demonstram um sentimento lindo quando o assunto é futebol. Conseguimos, facilmente, observar isto nas expressões das pessoas. Agora, a tristeza maior é saber que nem todos invocam a mesma paixão para acontecimentos verdadeiramente relevantes e problemas reais do cotidiano.
Muitos não sabem, mas o estudante baiano Wesleyan Araújo, com apenas 23 anos de idade e beneficiado pelo programa Ciências Sem Fronteiras, concluiu, com excelência, os estudos de graduação em uma temporada no MIT/Harvard, participando de diversos trabalhos de desenvolvimento de “órgãos e tecidos artificiais em 3D a partir de uma bio-impressão em um aparelho chamado NovoGen MMX Bioprinter”. Agora, o jovem cientista brasileiro realizará um curso de doutorado na Europa.
Em Barbacena-MG existe um lindo trabalho exercido pela Associação Olhar Down, que atua na nossa sociedade desde o ano de 2013, aliando trabalhos de inserção social, educacional, profissional e apoio familiar para cidadãos com síndrome de Down.
Por outro lado, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançou um relatório argumentando que o Brasil “não conseguirá atingir o nível de renda média dos países desenvolvidos até 2050 caso sejam mantidas as taxas de crescimento atuais”.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que utiliza estatísticas para classificar países em seu nível de desenvolvimento humano, demonstra que o Brasil ocupa a posição de nº 85, o que é muito atrás da Alemanha (posição de nº 5). A estatística é confeccionada, entre outros pontos, a partir da expectativa de vida da população, da educação e PIB. Outros países que estão numa posição superior a do Brasil são: Líbia em 64ª (mesmo com a forte guerra civil que domina aquele país); Venezuela em 71ª; Cuba em 59ª; Israel 16ª.
Outro problema enfrentado por mais de 70 mil profissionais da educação base do Brasil foi após o reconhecimento de inconstitucionalidade de alguns trechos da Lei Complementar nº 100/2007, que efetivou milhares de docentes para atuarem nas escolas públicas do Estado de Minas em caráter definitivo e sem à necessidade da realização de concurso público. A mencionada Lei Complementar, que esputou nos princípios da Constituição Brasileira, iludiu muitos profissionais da educação, estes que acreditaram numa digna carreira docente.
A nossa capital mineira, no dia 03 de julho de 2014, passou por um grande susto depois que um viaduto desabou sobre um carro, um ônibus coletivo e dois caminhos, ferindo vinte e três pessoas e matando outras duas – a jovem Hanna Cristina dos Santos, de 24 anos, e Charlys Frederico Moreira do Nascimento, 25 anos.
Devido as fortes chuvas da última semana no Estado do Rio Grande do Sul, mais de 18 mil pessoas amanheceram fora de suas casas na quarta-feira, dia 09 de julho de 2014, que, conforme informações da Defesa Civil daquele Estado, “149 municípios foram atingidos e 126 estão em estado de emergência”.
Logo após a derrota da seleção brasileira por 7x1, o antropólogo Roberto DaMatta, numa entrevista concedida para o jornal BBC Brasil, disse que "o futebol nos deu, sim, autoestima, mas não podemos reduzir o Brasil a isso. Essa derrota vai fazer o Brasil acordar e ter lucidez para lidar com seus problemas, em termos de segurança, saúde e especialmente no mundo da política, já que a eleição está aí".
Ora, vamos refletir por um minuto e realizar nosso juízo de valores, questionando o seguinte: realmente a derrota da seleção brasileira é assunto de caráter social? A grande parte da sociedade está alienada por assuntos insignificantes transmitidos com peso pelas grandes mídias sociais? Estamos mais preocupados em glorificar temas levianos? Ou, de fato, estamos, há muito tempo, perdendo outros títulos mais importantes? Agora temos que acordar para a realidade contemporânea (carência de qualidade na educação básica; deficiência de mecanismos de segurança pública; escolha adequada de representantes políticos; corrupção em níveis estrondosos; precariedade na saúde; entre outros) buscando, dia a dia, um Brasil melhor para TODOS.

NOTA DA REDAÇÃO
Getúlio Costa Melo é advogado atuante em Barbacena. Pós-graduando em Docência no Ensino Superior pela Universidade Senac e em Direito Tributário pela Universidade Anhanguera-Uniderp. Bacharel em Direito pelo Centro de Estudos Superiores Aprendiz. Acesso ao Currículo Lattes:http://lattes.cnpq.br/4887518407176352

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