segunda-feira, 16 de outubro de 2017

BANDIDOS ARMADOS ATACAM QUARTEL DA PM E MATAM POLICIAL CIVIL

Um policial civil foi assassinado pelos bandidos

Roni Willer e José Marcos Taveira16.10.17 01h34Atualizado em: 16.10.17 05h23

Um policial civil foi assassinado na madrugada desta segunda-feira (16) durante um assalto à Protege de Araçatuba, empresa responsável por transporte de valores com sede no bairro Santana. Em uma ação realizada por uma quadrilha fortemente armada, bandidos também dispararam contra o quartel do CPI-10 (Comando de Policiamento do Interior) de Araçatuba e até atearam fogo em dois caminhões particulares para evitar que viaturas deixassem o local.

Os militares ficaram sitiados, sem qualquer comunicação via rádio, pois o fogo dos veículos atingiu a rede elétrica, deixando o local no escuro. O quarteirão em volta foi isolado. Moradores nas proximidades ficaram aterrorizados com o barulho de tiros e rajadas de metralhadora.

Duas mulheres teriam sido feridas por balas perdidas. Uma delas foi atingida no abdome e outra no pé.

Um vídeo que foi enviado à reportagem mostra uma caminhonete parada ao lado da Protege, com o alerta ligado. Próximo dali, uma luz forte. A pessoa não explica o motivo de estar ali naquele momento e nem o que  fez com que começasse a gravar. De repente, começam os tiros e as primeiras explosões. 

 LEITOR FILMA INÍCIO DA EXPLOSÃO NA PROTEGE E TIROS: 

O policial assassinado, André Luís Ferro da Silva, seria morador das proximidades do CPI-10 e teria ido ao local para averiguar o que estava acontecendo, quando foi baleado pelo ocupante de uma caminhonete. Ele era integrante do GOE (Grupo de Operações Especiais) e deixou esposa e duas filhas menores de idade. Silva ainda foi socorrido com vida, mas morreu enquanto era atendido na Santa Casa.

 OUÇA TIROS EM VÍDEO ENVIADO POR LEITOR: 

Os bandidos estariam usando granadas para conter os policiais e fuzis ponto 50 (antiaéreo). Para abrir o cofre da Protege, na rua Dona Ida, teriam usado dinamite. Alguns bandidos estariam, inclusive, na Emeb Francisca Arruda Fernandes, que fica nas proximidades, disparando contra os policiais sitiados.

QUADRILHA
A reportagem apurou que a quadrilha seria formada por quatro grupos, atuando ao mesmo tempo em uma ação planejada. Um dos grupos ficou na Rondon, nas proximidades da Polícia Militar Rodoviária, fechando a rodovia; outro teria fechado trecho da avenida Waldir Felizola de Moraes, perto do quartel; o terceiro atacou o quartel e o quarto, a Protege.  

 VEJA COMO FICOU A PROTEGE APÓS EXPLOSÃO: 

 

EXPLOSIVOS
Vários explosivos foram encontrados em um caminhão abandonado próximo à Protege (veja foto na galeria abaixo). O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), um grupamento de operações táticas especiais da PM na Capital, deve chegar a Araçatuba pela manhã.

SUSTO
O barulho dos tiros podia ser ouvido a distância, assustando toda a população da cidade. O ataque começou justamente no encerramento do turno da Força Tática, por volta de 1h15. O trânsito pela rua do Fico foi bloquado. Até a entrada para Araçatuba pela rodovia Marechal Rondon  (SP-300) e pistas secundárias foi impedida por policiais militares rodoviários. Foi fechada também a entrada em Birigui. Outro ponto bloqueado em Araçatuba foi a ponte Pio Prado, sobre o rio Tietê.

CELULARES
Com o quartel às escuras e sem a ajuda do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar), os policiais passaram a se comunicar por celulares. Policiais de Bauru e Marília também foram mobilizados. 

 Por volta de 4h20, mais de 150 PMs estavam nas ruas de Araçatuba. Todos os militares de folga foram acionados.

RENDIDO
Um motorista de 29 anos foi rendido no pátio de um posto de combustíveis às margens da Rondon. Dois homens, com armas longas, se aproximaram e entraram no veículo. 

Ameaçado, o motorista foi obrigado a interditar a rodovia no quilômetro 522. Após colocar o caminhão atravessado na pista, ele foi liberado pelos criminosos e correu para uma plantação de cana-de-açúcar.

DISPAROS
Um leitor da Folha informou, no grupo do Whatsapp do jornal, que havia acabado de chegar ao aeroporto de Araçatuba, nesta madrugada, quando ouviu os tiros ao acessar a rua do Fico. "Ouvi muitos tiros. Passou um policial por mim, me mandou entrar para a direita. E fui escutando tiros", declarou.

'CENA DE FILME'
Vários áudios divulgados em grupos de Whatsapp mostravam o drama enfrentado nesta madrugada por policiais e moradores. "Estão metendo bala, jogando bomba. É tiro para todo lado; dá para ver o rastro da bala no céu", narra um deles. "É cena de filme. O pronto-socorro (que fica próximo da Protege) está apagado; todo mundo pra dentro, deitado no chão."

Outro leitor chegava de Rio Preto e não conseguia entrar em Araçatuba. "Tem uns 100 carros de polícia entre Araçatuba e Birigui", afirmava em um dos áudios. "Os caras (motoristas) todos voltando na contramão. Tive que voltar também."

'A CASA TREMIA'
Em comentários deixados no site da Folha, leitores também narraram os momentos de tensão. "Minha irmã mora no bairro Santana. Disse que as cortinas da casa dela levantaram com as explosões. A casa tremia toda. Imagina ela, grávida de 7 meses e com uma menina de 4 anos", revelou Luana Lucy Freire.

Nilton Godoy Trigo contou detalhes do susto que passou. "Eu e minha família nunca tínhamos passado por uma situação dessas! Foram explosões que jogaram pedaços do prédio da Protege para todos os lados! Ficamos deitados no chão do quarto e o tiroteio não parava! Na explosão maior, clareou tudo, e olha que moro a cem metros do local e escutávamos as balas passando sobre a casa! Fui horrível!"

"Moro no bairro São Vicente, a umas 70 quadras da Protege e mais umas 95 do CPI-10. Escutei os pipocos. Fui para a rua e vi fumaça branca", afirmou Fabiana Botelho. "Os pipocos eram reais: tiros e explosões, rajadas".

Alexsandro Souza, que afirma morar próximo da Protege, disse que ele e a família viram sinais de sinalizadores. "Após 23 minutos (de tiroteio), soltaram uns dois morteiros sinalizadores. Depois de uns minutos, os tiros pararam. Pelo jeito, algum sinal do bando para avisar".

"Filmei daqui do Dona Amélia os tiros", disse Tânia Maria Marciano de Souza. "Desesperador. Nunca vi nada igual. Tiroteio com arma pesada. Cena de guerra mesmo. O chão tremia", completa Andrea Soares. "Moro próximo ao Supermercado Amigão e dá pra escutar o tiroteio daqui! Assustador! É muito tiro. Até rajada de metralhadora!", diz Graziela Gon da Silva.  (Colaboram Arnon Gomes e Márcio Bracioli)

LINK CURTO: http://folha.fr/1.367777

CRIMINALIDADE VIOLÊNCIA ARAÇATUBA

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