segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Laudos da perícia apontam como pode ter sido o último dia de vida de Mércia Nakashima

Os resultados da perícia feita pela polícia paulista podem mostrar como foram os últimos momentos de vida da advogada Mércia Nakashima, morta no dia 23 de maio deste ano. Para a polícia, o ex-namorado da vítima, Mizael Bispo, é o principal suspeito do assassinato.

No final do mês, deverá fazer uma reconstituição do crime. O objetivo é mostrar como Mizael Bispo agiu na noite de 23 de maio. Com base na investigação, é possível traçar os últimos momentos que antecederam o assassinato da advogada.

Neste dia, o ex-policial militar teria convencido Mércia a sair com ele para um passeio. Ele já não namorava a advogada, mas eles ainda se encontravam. Mércia teria passado de carro no estacionamento do Hospital de Guarulhos, onde Mizael estacionou seu carro por volta das 20h.

De lá, eles teriam seguido por 40 km pela estrada que liga Guarulhos a Nazaré Paulista. Por livre vontade ou ameaçada por uma arma Mércia teria aceitado entrar com o carro na área da represa onde foi encontrada morta.


No final dessa descida, Mizael teria dado dois tiros em Mércia. Ela foi atingida no maxilar e no braço, de raspão, pela mesma bala. Os peritos dizem acreditar que a vítima tentou se proteger.

Neste momento, Mércia teria perdido os sentidos, mas continuou no volante do carro. Mizael então teria soltado o freio de mão e saído do veículo. A cena foi descrita por um pescador que estava do outro lado da represa.

Para facilitar a descida do carro em direção à represa, o suspeito teria empurrado o veículo, que afundou na água. Mizael teria então andado por uma trilha no lado esquerdo da represa. O segurança Evandro Bezerra da Silva, suspeito de ter ajudado o advogado, o estaria esperando no local.

Mizael sempre negou ter cometido o crime. Para a polícia, os indícios são suficientes. Mais de três meses após o assassinato, ele ainda é considerado o único suspeito.


Laudos apontaram que uma alga foi encontrada do sapato usado pelo suspeito no dia do crime. Para o delegado que investiga o caso, Antonio de Olim, este é o principal indicativo de que ele é o autor do crime.

As amostras orgânicas do material que foi retirado do calçado foram levadas para o Instituto de Botânica de São Paulo. Foi lá que o especialista em algas, Carlos Bicudo, identificou a planta encontrada no sapato de Mizael.

Para o botânico, trata-se de uma alga conhecida como quetófora, um micro-organismo que não é encontrado em poças d’água ou ruas de terra, mas mergulhadas em profundidades de até 40 cm de água. E só podem ser encontradas em algumas represas.

- Elas só vivem mergulhadas dentro d’água. Em geral, aderidas a algum tipo de substrato, de estrutura, que pode ser uma fibra vegetal, que pode ser uma pedra, pode ser uma botina velha uma lata de refrigerante.

Para a polícia, a alga foi parar no sapado de Mizael porque ele colocou os pés dentro da represa de Nazaré Paulista, onde o corpo de Mércia foi encontrado no dia 11 de junho. No local, também foi encontrado o carro da vítima.

O delegado Olim acredita que a alga vai condenar Mizael.

- Foi comprovado que ele entrou na água. Com certeza, na hora que ele empurrou o veículo, ele acabou entrando com os sapatos na água. Esse exame comprova que ele esteve lá.

As peritas encontram ainda manchas de sangue e até um pequeno pedaço de osso no couro do sapato. A quantidade, no entanto, não era suficiente para fazer um exame de DNA. Também não é possível afirmar se o sangue e o osso são de um ser humano.

Uma pequena quantidade de chumbo, elemento que costuma ficar na roupa de uma pessoa que dispara um tiro, também foi achada.

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