Em manifestação da Polícia Civil nesta sexta(29) o Perito Criminal e Diretor Regional do Sindpol Centro Oeste discursou, no carro de som instalado em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais, falou sobre os baixos salários dos policiais e citou o exemplo de um servente de pedreiro de Nova Serrana que recebe uma salário maior do que o de um Investigador de Policia que possui curso superior.
Veja no vídeo abaixo:
sábado, 30 de abril de 2011
POLÍCIA CIVIL ESCLARECE HOMICÍDIO DE MORADOR DE RUA EM LAGOA DA PRATA
AS ARMAS E AS DROGAS ENCONTRADAS COM OS SUSPEITOS |
A Polícia Civil de Lagoa da Prata, Centro Oeste de Minas, esclareceu um homicídio que chocou a cidade vitimou um homem de 27 anos.
A vitima foi alvejada enquanto dormia com um tiro na região do tórax, foi socorrida mas morreu no pronto socorro de Lagoa da Prata. Os investigadores da Delegacia de Lagoa da Prata iniciou imediatamente os levantamentos e acabaram por identificar um suspeito que foi preso na Rua Rio Grande do Sul, centro de Lagoa da Prata e era precedente de Divinópolis-MG.
A MOTO UTILIZADA NA FUGA. |
O CARRO USADO NO CRIME |
Duas armas de fogo, sendo um revólver calibre .38 e uma "garrucha" calibre .22, além de quantidade considerável de "crack"e "maconha" em buchas foram encontradas com o suspeito.
Prosseguindo nas investigações, foi ainda efetuada prisão do indivíduo A.R.J.G. (34 anos) o qual estava de posse da motocicleta utilizada para a fuga dos criminosos.
Prosseguindo nas investigações, foi ainda efetuada prisão do indivíduo A.R.J.G. (34 anos) o qual estava de posse da motocicleta utilizada para a fuga dos criminosos.
Os suspeitos foram conduzidos para o plantão da 2a. Delegacia Regional de Bom Despacho onde foram autuados em flagrante delito pelos crimes de homicídio, porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas.
Os dois homens retornaram para o presídio de Lagoa da Prata, onde permanecerão presos à disposição da justiça. Durante as diligências finais, as equipes da polícia civil receberam o apoio operacional da Polícia Militar de Lagoa da Prata.
Policial federal é baleado ao reagir a assalto em Cuiabá
Dois homens armados assaltaram no ínicio da tarde desta sexta-feira (29) uma panificadora, na Avenida Marechal Deodoro, em Cuiabá. Um policial federal à paisana estava dentro do local e levou um tiro ao reagir à ação dos criminosos, por volta das 13h40 (horário de MT).
De acordo com a Polícia Militar, os assaltantes estavam em uma moto e um deles efetuou dois disparos dentro da panificadora. Um tiro teria atingido o ombro do policial, que foi encaminhado para um hospital particular da capital. A corporação não sabia informar, no entanto, o estado de saúde dele. Em nota divulgada pela Polícia Federal, a vítima passou por uma cirurgia.
A dupla fugiu com dinheiro, mas o valor não foi revelado. O crime gerou pânico não só para os clientes como também aos pedestres e motoristas que trafegavam pela avenida, considerada uma das mais movimentadas na região central da capital.
Nesta tarde, policiais militares percorriam a região com carros e também realizavam buscas com helicóptero.
Inquérito
A assessoria da Polícia Federal confirmou que as investigações sobre o caso ficarão sob o comando da instituição e já foi aberto inquérito para apurar o crime contra o agente. O delegado Wilson Rodrigues ficará responsável pelas investigações.
A assessoria da Polícia Federal confirmou que as investigações sobre o caso ficarão sob o comando da instituição e já foi aberto inquérito para apurar o crime contra o agente. O delegado Wilson Rodrigues ficará responsável pelas investigações.
Policiais civis decidem entrar em greve por tempo interminado em MG
Os policiais civis de Minas Gerais decidiram entrar em greve, por tempo indeterminado, a partir do dia 10 de maio. A decisão foi tomada na tarde desta sexta-feira (29) após protesto realizado no centro da Belo Horizonte.
Mais de 1.500 policiais civis fecharam o trânsito na praça Sete e atearam fogo em um caixão como forma de protesto. Por causa da manifestação, que ocorreu de forma pacífica, o trânsito no centro da capital ficou caótico e os reflexos se estenderam a outras vias, como as avenidas Bias Fortes e Augusto de Lima. Os policiais reivindicam vários pontos já prometidos pelo Governo de Minas.
O movimento começou na praça da Liberdade, onde os policiais fizeram uma assembleia para decidir os rumos das manifestações. Segundo o sindicato da classe, em setembro do ano passado eles fizeram uma carta para o governador Antônio Anastasia, solicitando reajuste salarial, melhoria nas estruturas das delegacias em todo Estado, carreira jurídica para delegados, com o mesmo salário de promotores, além de realização de um concurso público para aumento de contingente.
Denílson Martins, presidente do Sindipol (Sindicato dos Policiais Civis), afirmou que não houve resposta sobre os pedidos e, por isso, os manifestantes vão intensificar os protestos até que as exigências sejam atendidas.
sexta-feira, 29 de abril de 2011
Presos com crack na cueca. Integração das polícias no interior não é farsa.
Três indivíduos foram presos com entorpecentes em uma ação conjunta entre a PM e a Policia Civil em Luz, dois eram maiores e um menor. A droga foi encontrada escondida na cueca dos autores que apesar da evidência negam o fato.
Menores são presos com moto furtada em Lagoa da Prata.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Exigência de nível superior em Direito para PM-MG é questionada
O Partido Social Liberal (PSL) ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4590) contra a Emenda Constitucional 83 aprovada, em 2010, pela Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
Essa legislação acrescentou dois parágrafos (terceiro e quarto) ao artigo 142 da Constituição do Estado de Minas Gerais, passando a exigir título de bacharel em Direito e aprovação em concurso público para o ingresso no quadro de oficiais da Polícia Militar. Além disso, passou a definir que o cargo de oficial da PM integra a carreira jurídica militar do estado.
O partido alega que esses dispositivos são incompatíveis com a Constituição Federal, especialmente em seus artigos 25, 61 (parágrafo 1º, inciso II, “e”), e 84 (incisos 2 e 4). Sobre estes dispositivos, o partido político sustenta que a Constituição Federal prevê que apenas o chefe do Poder Executivo pode deflagrar processo legislativo de atos normativos que disponham sobre criação, extinção, estruturação e atribuições de órgãos da administração pública.
O PSL pede liminar para suspender a eficácia da norma, uma vez que tem causado “tumultos” no Sistema de Segurança Pública do Estado de Minas Gerais. O autor requer, subsidiariamente, “em razão da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e jurídica, seja aplicado ao feito o rito abreviado, previsto no art. 12 da Lei 9.968, de 10 de novembro de 1999″.
No mérito, pede que a ação seja julgada procedente para declarar, em definitivo, a inconstitucionalidade dos dispositivos questionados
O relator é o ministro Gilmar Mendes.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
Menos de doze horas após morte do Prefeito de Matutina morre o Ex Prefeito de Córrego D'Anta.
O trecho da Rodovia BR 262 que vai da Cidade de Moema até o Alto da Serra tem se tornado conhecido com Serra da Morte, menos de doze horas depois da morte do Prefeito de matutina e de seu pai o Ex Prefeito de Córrego D'anta Antônio Cardoso de Oliveira de 72 anos foi vítima de um acidente nas proximidade do km 570 no município do qual foi Prefeito. Cardosinho, como era conhecido, voltava de um velório de um amigo na cidade de Campos Altos. Segundo o Perito Experidião Porto que esteve no local, o veiculo Gol dirigido pelo Ex Prefeito derrapou na pista em uma curva e se chocou contra uma carreta que subia em direção ao triângulo Mineiro, chovia muito no local e o corpo ficou preso nas ferragens. Segundo o Policial Rodoviario que tabalhava sozinho e atendeu ao local, foram diversoso acidentes ocorridos todos com gravidade.
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Prefeito morre após dar socorro em acidente em Luz
O Carro do Prefeito ficou totalmente destruído. |
O prefeito de Matutina, a 221 km de Belo Horizonte, José Hironilton Lopes, 49 anos, e o pai dele, Gil Lopes, 80 anos, morreram num acidente de trânsito nesta terça-feira, na BR-262, na altura da cidade de Luz. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, eles haviam parado para prestar socorro ao motorista de um caminhão-baú que estava acidentado às margens da estrada.
Ao retornar para a rodovia, o carro em que eles estavam foi atingido por uma carreta carregada de cimento. Os dois chegaram a ser levados para um hospital em Luz,
mas não resistiram aos ferimentos.
A Rodovia 262 no trecho que vai de Luz até Campos Altos tem atingido índices assustadores de acidente segundo o Perito Experidião Porto chama a atenção tambem a gravidade dos mesmos "há um trecho nesta rodovia que suas margens são dotadas de grandes arvores e eucalipto que libera uma seiva que cai sobre a pista tornando-a extremamente escorregadia nas primeiras chuvas com o agravante de que ao derrapar o veiculo se choca justamente contra o enorme troco da árvore, a energia cinetica produzida é quase totalmente dissipada deformando o veiculo e matando seus ocupantes" afirmou o Perito que já faz diversos contatos com o DENIT, orgão responsavel pela manutenção das estradas federais. Segundo Porto no ultimo contato que foi feito com o orgão foi informado pelos diretores que se o Perito quisesse receberia autorização para cortar as árvores. É o Brasil.
segunda-feira, 25 de abril de 2011
Bola estaria planejando matar Delegado Edson Moreira.
Denúncia aponta que o ex-policial civil, acusado de matar e ocultar o corpo de Eliza Samudio, estaria planejando matar a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues e o delegado Edson Moreira
O assistente de acusação do caso Bruno, José Arteiro Cavalcante Lima, contratado pela mãe de Eliza Samudio protocolou uma denúncia no Tribunal do Júri de Contagem na última segunda-feira (18) relatando que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, estaria planejando matar várias pessoas envolvidas na investigação da morte e no desaparecimento da ex-amante do goleiro Bruno. Bola é acusado de ter assassinado e ocultado o corpo da modelo Eliza Samudio e está preso na Penitenciária Nelson Hungria.
Na denúncia, Arteiro afirma que, a partir de relatos de um presidiário que estaria preso na mesma cela que Bola, o ex-policial civil estaria planejando matar o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem, o advogado José Arteiro Cavalcante Lima, e outras pessoas.
A mulher do presidiário entrou em contato na última quinta-feira (14) com o advogado, manifestando o interesse do marido em conversar com ele. “Só pude ir na penitenciária alguns dias depois e ele me contou das intenções do Bola. A gente na verdade já imaginava que desde o início o Bola era o responsável por matar e esconder o corpo dela, agora temos uma testemunha”, afirmou Arteiro.
O crime seria executado por traficantes do Rio de Janeiro. De acordo com a juíza Marixa, ela está providenciando o despacho da denúncia para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais por trata-se de uma ameaça a vida de magistrados.
A juíza disse acreditar na veracidade das denúncias, por se tratar de relatos vindos de um homem que conviveu com Bola na cadeia. “Não há nada porém que possa ser feito, vou despachar para o TJMG que deve tomar as medidas cabíveis”, afirmou. A juíza disse ainda que a denúncia não a abalou psicologicamente. “Quem tem medo, não dá pra ser juiz, mas a gente toma as cautelas necessárias”, disse a juíza que preside o processo do sequestro, morte e ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno.
A magistrada negou que planeje ouvir as pessoas citadas na denúncia. O advogado autor da denúncia disse que não pretende ir nessa segunda-feira (25) acompanhar o processo e que a denúncia deve ser anexada no processo que investiga a morte de Eliza Samúdio.
O assistente de acusação afirmou ainda que o presidiário contou que Bola confessou que matou Eliza. Para esconder o cadáver, ele teria queimado o corpo e jogado as cinzas na lagoa do Nado, no bairro Planalto.
O assistente de acusação do caso Bruno, José Arteiro Cavalcante Lima, contratado pela mãe de Eliza Samudio protocolou uma denúncia no Tribunal do Júri de Contagem na última segunda-feira (18) relatando que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, estaria planejando matar várias pessoas envolvidas na investigação da morte e no desaparecimento da ex-amante do goleiro Bruno. Bola é acusado de ter assassinado e ocultado o corpo da modelo Eliza Samudio e está preso na Penitenciária Nelson Hungria.
Na denúncia, Arteiro afirma que, a partir de relatos de um presidiário que estaria preso na mesma cela que Bola, o ex-policial civil estaria planejando matar o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações da Polícia Civil, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do Tribunal do Júri de Contagem, o advogado José Arteiro Cavalcante Lima, e outras pessoas.
A mulher do presidiário entrou em contato na última quinta-feira (14) com o advogado, manifestando o interesse do marido em conversar com ele. “Só pude ir na penitenciária alguns dias depois e ele me contou das intenções do Bola. A gente na verdade já imaginava que desde o início o Bola era o responsável por matar e esconder o corpo dela, agora temos uma testemunha”, afirmou Arteiro.
O crime seria executado por traficantes do Rio de Janeiro. De acordo com a juíza Marixa, ela está providenciando o despacho da denúncia para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais por trata-se de uma ameaça a vida de magistrados.
A juíza disse acreditar na veracidade das denúncias, por se tratar de relatos vindos de um homem que conviveu com Bola na cadeia. “Não há nada porém que possa ser feito, vou despachar para o TJMG que deve tomar as medidas cabíveis”, afirmou. A juíza disse ainda que a denúncia não a abalou psicologicamente. “Quem tem medo, não dá pra ser juiz, mas a gente toma as cautelas necessárias”, disse a juíza que preside o processo do sequestro, morte e ocultação do cadáver da ex-amante do goleiro Bruno.
A magistrada negou que planeje ouvir as pessoas citadas na denúncia. O advogado autor da denúncia disse que não pretende ir nessa segunda-feira (25) acompanhar o processo e que a denúncia deve ser anexada no processo que investiga a morte de Eliza Samúdio.
O assistente de acusação afirmou ainda que o presidiário contou que Bola confessou que matou Eliza. Para esconder o cadáver, ele teria queimado o corpo e jogado as cinzas na lagoa do Nado, no bairro Planalto.
As bruxas de Guaratuba
Semelhante ao que ocorreu em Pompéu em 2004.
Elas foram acusadas de matar um menino em um ritual. O caso, que teve o mais longo julgamento do País, pode sofrer uma reviravolta. ISTOÉ revela como as acusadas foram torturadas e as suspeitas de que não é da vítima o corpo encontrado.
Antonio Carlos Prado
Ao longo de muito tempo, uma senhora que mora em Curitiba sentia uma torturante angústia nos momentos de lavar o rosto. Não conseguia molhá-lo por inteiro, muito menos enxaguá-lo. Umedecia então sob a torneira a ponta do dedo indicador da mão direita, levava-o à face, ia repetindo esse movimento e molhando a fronte ponto por ponto. Ela se chama Beatriz Abagge, tem 47 anos e é filha de Celina e Aldo Abagge, ex-prefeito da cidade de Guaratuba, no litoral paranaense. Por que Beatriz agia assim? Antes de responder a essa questão, vale registrar outro fato envolvendo ela própria e, agora, também a sua mãe.
“A janela basculante da minha cela era soldada. As guardas achavam que eu
era bruxa, me transformaria numa nuvem de fumaça e fugiria através da grade”
Beatriz Abagge, ré
As celas da penitenciária feminina de Piraquara , cidade que se localiza no Paraná, têm uma janela basculante à frente da janela principal, que é gradeada. Em todas as celas nas quais Celina e Beatriz ficaram trancafiadas nessa cadeia, entre 1992 e 1995, tal basculante era soldado – ou “chumbado”, como diz a filha –, impedindo-se assim o seu movimento de abrir e fechar. As guardas temiam que as duas mulheres, caso o basculante pudesse ser aberto, se transformassem repentinamente em “uma nuvem quase invisível de fumaça e fugissem através de algum quadrado da grade de ferro deixando para trás um sufocante cheiro de enxofre”. As guardas acreditavam que elas eram “bruxas”, assim como nessa versão se fiava a maioria da população de Guaratuba, de Curitiba, do Paraná e de todo o País. A mídia nacional e boa parte da imprensa internacional se referiam à mãe e à filha como “dotadas de poderes de bruxaria”. Elas passaram a ser “As Bruxas de Guaratuba”. ISTOÉ esteve com Beatriz e Celina, que se encontram em liberdade, registrou com exclusividade como vivem e resgatou a sua história que já conta 19 anos. É aqui que se vai começar a responder o que levou Beatriz a não conseguir lavar o rosto como todo mundo lava e, também, o que fez com que ela e sua mãe acabassem presas na cadeia com grades protegidas contra fuga de “bruxas”. Esses dois episódios se fundem em um terrificante cenário de rapto e assassinato de criança, suposta magia negra, bárbaras torturas, rivalidade entre policiais e inimizades pessoais e políticas. E muito terror.
VÍTIMA
O garotinho Evandro, aos 6 anos, quando foi
raptado no caminho entre a escola e a sua casa
O novo e derradeiro júri
Está marcado para a quinta-feira 28, em Curitiba, o segundo júri popular a que Beatriz Abagge será submetida – ela é acusada de, com a cumplicidade de sua mãe, ter assassinado em 1992 o garotinho Evandro Ramos Caetano, de 6 anos, um alegre menino loirinho que era conhecido e amado em toda Guaratuba. Pesa ainda contra Beatriz, segundo o processo, a acusação de o “crime ter sido praticado em um satânico ritual de magia negra”: Evandro teve o peito rasgado, retiraram-lhe o coração e as vísceras, amputaram-lhe mãos e pés, escalpelaram-no e vazaram seus olhos. No primeiro júri do “caso Evandro”, realizado em 1998, mãe e filha sentaram-se no banco dos réus e foram absolvidas – é o júri mais longo da história do Brasil com 34 dias de duração. Mais demorado que o de Gregório Fortunato, segurança do ex-presidente Getúlio Vargas, acusado do assassinato do major Rubens Vaz no atentado da rua Toneleros. Mais longo que o do coronel Ubiratam Guimarães, responsabilizado pelo “Massacre do Carandiru” em São Paulo – foram 111 mortos e seu julgamento levou dez dias. Também marcou para a história o júri de Beatriz e Celina o suicídio de um dos peritos, com um tiro na cabeça sobre o túmulo de seu pai, à véspera de ele depor. O Ministério Público recorreu da sentença de absolvição da filha e da mãe, e há cerca de um mês o STF decidiu por novo julgamento. A diferença é que, dessa vez, apenas Beatriz será julgada, já que Celina está com 72 anos e pela legislação brasileira a punibilidade cessa quando completada a sétima década de vida. “Fui absolvida e serei absolvida. Eu e minha mãe fomos falsamente acusadas”, diz Beatriz, estudante de direito em Curitiba – na semana passada fez provas de direito penal (“fui muitíssimo bem”), de direito processual penal (“fui muitíssimo mal”) e de direito civil (“fui bem demais, é fácil”). “Beatriz é uma aluna exemplar, aplicada e interessada”, diz o coordenador do curso, professor Álcio Figueiredo. Tanto ele como os alunos ficaram sabendo que a Beatriz Abagge estudante é a Beatriz Abagge que foi envolvida no caso Evandro com a chegada de ISTOÉ. “A minha reação e a de todos os alunos foi a mesma: respeito”, diz Figueiredo.
“Sequestraram minha irmã pensando que ela era eu. Só descobriram o
erro quando outro acusado a chamou pelo nome de Beatriz e não de Sheila”
Sheila Abagge, psicóloga
Disputa política
Faz-se agora, aqui, uma viagem no tempo à pequena cidade litorânea de Guaratuba – 22 quilômetros de praias e um oceano de lendas e acontecimentos sombrios. Corria o ano de 1992, dia 6 de abril, e os moradores mais antigos se recordam que era “uma segunda-feira de garoa”. Caminhando sozinho pelos 100 metros que separavam – e ainda separam – a Escola Olga Silveira de sua casa, o garotinho Evandro desapareceu misteriosamente. Os seus pais, Maria e Ademir Caetano, mantinham a esperança de recuperá-lo com vida mas pressentiam o pior, até porque dois meses antes também desaparecera outro garoto, Leandro Bossi, nunca mais localizado. No sábado seguinte, 11 de abril, a polícia anunciou que o corpo de Evandro fora encontrado, sobrevoado por urubus e vilipendiado, em um matagal da cidade – próximo ao seu cadáver estava a chave de sua casa. Começou aí o martírio do luto da família. Começou paralelamente o calvário de Celina e Beatriz, respectivamente esposa e filha do prefeito Aldo Abagge, falecido em 1995 quando elas ainda estavam presas. “Sob forte escolta, porque nos julgavam perigosas assassinas, pudemos deixar a cadeia por algumas horas e visitamos o Aldo já muito doente no hospital. Falamos a ele que estávamos em liberdade para que morresse em paz”, diz Celina. A ex-primeira-dama, prima direta do cônsul da Síria no Paraná e em Santa Catarina, Abdo Dib Abage, cumpre atualmente a rotina de cuidar dos netos. Poderosa, tradicional e milionária que era, a família de origem síria e libanesa (tanto os que assinam seus nomes com dois ges quanto os que o fazem com um ge só) quebrou financeiramente e mora em uma casa cujo aluguel é pago por um genro de Celina que é desembargador. “Tudo que tínhamos foi gasto em honorários de advogados”, diz Beatriz, com a altivez dos que são acusados sem provas, empobrecem diante de tal vicissitude mas não abrem mão de seu “mais sólido patrimônio”: “A minha maior riqueza ninguém leva, a minha maior riqueza é a minha inocência e a inocência de minha mãe.”
POLÍTICA
O ex-prefeito Aldo Abagge morreu em 1995
achando que a esposa e a filha estavam em liberdade
Anunciada a localização do corpo de Evandro, ou do suposto corpo como se verá mais adiante, a polícia civil começou a investigar e a enfrentar obstáculos – um deles é que durante dois meses os laudos do IML e da perícia não lhe foram fornecidos, embora estivessem concluídos. Vai entrar em cena, nesse momento e sem competência legal para cuidar do homicídio, o então grupo de elite da Polícia Militar do Paraná. Por meio de depoimentos de policiais e ex-policiais que atuaram no caso, dados com exclusividade à ISTOÉ, hoje se comprova que alguns integrantes desse grupo da PM agiram como agiam os seviciadores da ditadura, à época recém-encerrada no Brasil. “Houve tortura. Pessoas das quais os policiais militares suspeitavam foram sequestradas, levadas sem mandado de prisão e torturadas”, diz o delegado e diretor do Departamento de Crimes contra o Patrimônio, Luiz Carlos Oliveira, um dos homens mais prestigiados da polícia no Paraná. Ele fala com a autoridade de quem investigava o desaparecimento de Leandro e cruzou com as investigações sobre a morte de Evandro. “Beatriz e Celina foram seviciadas até dizerem que mataram Evandro. Outro acusado, o pai de santo Osvaldo Marcineiro, não tinha mais costas de tanto levar porrada. As costas dele ficaram negras. Era um hematoma só. Eu vi.”
MEDO E DOR
Foto atual da sala que servia de gerência na serraria: nela,
Evandro teria sido morto em suposto ritual de magia negra
A engrenagem do horror que remete aos tempos dos porões do regime de exceção começou a funcionar, segundo diversos depoimentos, com a chegada de alguns PMs do grupo de elite. Mas como eles desembarcaram em Guaratuba? Por que Celina e Beatriz foram envolvidas? Sai-se agora momentaneamente do terreno policial e entra-se no campo político, mais especificamente no que se refere aos projetos do Conselho de Desenvolvimento do Litoral que tratava de estabelecer a “verticalização” (construção de prédios) na orla do Estado. O prefeito Aldo Abagge elaborara um plano de zoneamento que não vetava totalmente a “verticalização” nem a autorizava plenamente, ou seja, podia-se construir mas não nas regiões próximas às praias. Ele atraiu com isso pesadas rivalidades políticas, locais e estaduais, ao contrariar interesses financeiros daqueles que sonhavam em transformar Guaratuba em um canteiro de obras de altas edificações, como aconteceu com a vizinha Caiobá. Sem receber verbas do governo, Aldo se viu obrigado a majorar impostos e valores de contas para tratar o esgoto do município. Mais animosidades surgiram, algumas de ordem pessoal – politicamente o prefeito se tornou vulnerável por todos os ângulos. Recorreu ao seu protetor, o deputado Aníbal Curi, presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, mas ele nada conseguiu junto ao Poder Executivo estadual.
DITADURA
Casa na cidade de Guaratuba do ex-ditador do Paraguai
Alfredo Stroessner: base de sevícia da polícia
Sequestro e tortura
Olhando-se novamente para o campo das investigações, ao Ministério Público foi então entregue uma relação de suspeitos com nomes de pais de santo e os de Celina Abagge e de sua outra filha, a psicóloga Sheila Abagge. A família era proprietária em Guaratuba de uma tradicional serraria (50 funcionários), hoje desativada e abandonada – em seus áureos tempos fornecia madeira para a fábrica de lápis Johann Faber. No dia 2 de julho de 1992, três meses após o desaparecimento de Evandro, os policiais do grupo de elite invadiram pela manhã a residência da família que ficava em frente à prefeitura sob a acusação de que Celina e Sheila teriam sequestrado Evandro e o matado na serraria – oferecendo seu sangue, coração e vísceras a Exu, uma das entidades da umbanda, cuja imagem se localizava à esquerda da porta principal da empresa. Quanto à residência, ela já não existe, foi demolida e apenas conservaram-se, numa altura mínima, parte dos muros originais, assim como preservaram-se os umbrais. No terreno funciona o estacionamento do supermercado Brasão.
CEMITÉRIO
No túmulo (abaixo) de Evandro há fotos e brinquedos –
e muitas dúvidas se o seu corpo de fato está nele sepultado
Os policiais prenderam e transportaram em carros “chapas frias” Celina e Beatriz, achando que Beatriz era Sheila. Enquanto isso, Osvaldo Marcineiro e mais dois suspeitos já amargavam torturas na casa de veraneio em Guaratuba do ex-ditador do Paraguai Alfredo Stroessner, localizada e fotografada por ISTOÉ. Tanto em Curitiba quanto em Guaratuba, a questão de ter havido tortura é ponto pacífico. “O Ministério Público quer condenar a ré para jogar uma cortina de fumaça nas atrocidades cometidas”, diz o advogado Adel El Tasse. Beatriz foi violada sexualmente por cinco torturadores, tomou choques elétricos e padeceu de sessões de “afogamento” numa chácara – eis a explicação do motivo pelo qual ela não conseguiria durante anos lavar o rosto normalmente. “Desmaiei não sei quantas vezes durante a tortura, sangrei, urinei, evacuei. Foi estupro, choque e afogamento”, diz ela. E os torturadores só souberam que Beatriz era Beatriz, e não Sheila, quando levaram um ensanguentado Osvaldo Marcineiro à sua presença e ele a chamou pelo nome. Na mesma chácara, em outro quarto, Celina também era seviciada. Quando Beatriz não suportou mais o suplício, foi carregada para diante da mãe e implorou: “Diga tudo o que eles quiserem porque eu não aguento mais choque, não aguento mais estupros e afogamentos.” “Ela me suplicou para que eu falasse em um gravador tudo aquilo que os torturadores me ditavam”, diz Celina. Em fita cassete que compõe o processo, ouvem-se vozes ao fundo e há o constante ruído de ligar e desligar o aparelho. Mais: as respostas de Celina demonstram que alguém corrigia o que ela falava: “Com o que você matou?”, pergunta o torturador. “Com uma paulada”, responde Celina – e o gravador é desligado. Ligado novamente, ela corrige: “Com uma faca.” Desliga. Liga. Ela diz: “Não, com uma serra.” Ruído, e vem a complementação: “Serra da serraria.” “Uma investigação que começa errada só pode terminar errada”, diz o ex-policial e advogado João Ricardo Keppes de Noronha, que à época mandou apurar o que ocorrera. Dos “porões” da repressão em Guaratuba elas foram transportadas para diversos postos da Polícia Militar e finalmente à penitenciária de Piraquara – aquela onde soldavam o basculante para as “bruxas” não fugirem. Ao desembarcarem nela, cada uma das mulheres ficou trancafiada um mês em “solitárias”, nuas, sem direito a banho, sem um segundo de sol e privadas de alimentação adequada. Beatriz já começava a gargalhar sozinha a gargalhada das loucas, quando uma aranha a devolveu à sanidade. Olhando-a tecer sua teia em um canto da encardida e inóspita “solitária”, Beatriz lembrou-se de uma música de criança e voltaram-lhe as lembranças, memória e lucidez. Beatriz sabe a letra de cor: “A dona aranha subiu pela parede/veio a chuva forte e a derrubou/já passou a chuva e o sol já vem surgindo/e a dona aranha continua a subir.” Nessa cadeia Celina fazia doces a pedido da direção e numa dessas ocasiões foi escoltada a uma dependência para prepará-los. Passou por um local de onde se via bom pedaço de céu. Era noite. Noite bonita. Ela se maravilhou: “Olha a lua!” As guardas se jogaram imediatamente ao chão aos gritos de “cuidado com a bruxa!”, “a lua interfere na bruxa!”. Celina ficou atônita, as guardas se levantaram e a levaram correndo de volta à cela. Com janela “chumbada”, é claro.
“Eu era e sou vizinho da família do menino morto
O crime paralisou por meses toda Guaratuba”
Wilson Henttralt, garçom
“O corpo sepultado não é de Evandro”
A tortura será um dos pontos centrais do novo júri. Acusado por diversos órgãos de comunicação e também pelas rés de ser o comandante da sevícia, o coronel da reserva Valdir Copetti Neves rompeu o seu silêncio de 19 anos e falou com exclusividade à ISTOÉ na praça de alimentação de um shopping em Curitiba. Como quem manda um recado de que cansou de ser solitariamente o vilão da história, ele declarou: “Por que perguntar de tortura e circunstâncias de prisão somente para mim? Por que não se pergunta também ao Ministério Público e à Polícia Federal que estavam na investigação?” Nas últimas duas décadas, o coronel nunca se deixou fotografar (há apenas uma imagem antiga dele na internet). Dessa vez, ainda como quem manda um recado, até fez pose para as fotos. Há, no entanto, mais “dinamite” pronta a explodir no caso das “bruxas”. ISTOÉ teve acesso a documentos da época do desaparecimento de Evandro e a depoimentos de autoridades de Curitiba e de pessoas do povo de Guaratuba que dão conta de que o corpo que está sepultado, no terceiro túmulo para quem pisa o Cemitério Central através de sua porta principal, muito provavelmente não é o de Evandro Caetano. O Ministério Público admite que não tem fato novo para esse segundo julgamento e acabou alimentando a tese de que Evandro não está ali enterrado: em 19 anos, por 18 vezes se pronunciou contrário à exumação, atitude que não tomaria se tivesse certeza de que se trata dos restos mortais do menino.
CERTEZA
O delegado Oliveira desafia: podem
exumar o corpo, ele não é de Evandro
O túmulo é uma capela de tijolinhos com gavetas à sua esquerda. “Em qual delas está o Evandro?”, pergunta-se ao zelador do cemitério, Luiz Ferreira. De óculos escuros, fumando e negando-se terminantemente a ser fotografado, ele dispara: “Em qual gaveta? Se é que ele está aí. Quem disse que ele está aí?” O garçom Wilson Henttralt, 56 anos, que vive em Guaratuba e desde criança é vizinho da família de Evandro, também levanta dúvidas em relação ao fato de ser mesmo dele o corpo que a polícia atestou que era. “Esse crime paralisou a cidade e ainda hoje só se fala sobre ele. Houve muita confusão, acho que ninguém sabe ao certo se o corpo encontrado é o do garotinho”, diz Henttralt. “Certeza absoluta de que não é o corpo” quem tem é o delegado Oliveira: “Não é o cadáver de Evandro. Durante as investigações eu disse: pago do meu bolso as despesas de exumação. Ninguém quis me ouvir.” Três exames de DNA foram feitos na época e dois deram “inconclusivos”. O terceiro teste, com um dente de leite que a mãe de Evandro guardara em sua casa bem antes do desaparecimento do filho, constatou apenas o óbvio: que se tratava de um dente do menino. Até aí, nada. Não se estabeleceu nenhum vínculo entre esse dente de leite e o corpo. ISTOÉ revela o depoimento prestado à Justiça pelo professor de criminalística e perito criminal Arthur Conrado Drischel, que examinou local e cadáver: “O corpo não condizia com uma criança de 6 anos de idade, que no caso também não poderia condizer com a vítima Evandro Ramos que tinha 6 anos de idade (...) e todos os outros dados também não condiziam com a descrição de Evandro.” Mais: os peritos deixaram registrado o “desconhecimento da identidade da vítima”.
“Por que apenas eu? Por que não perguntam sobre as prisões e tortura
para o Ministério Público e a Polícia Federal, que também investigavam?”
Coronel Neves
para o Ministério Público e a Polícia Federal, que também investigavam?”
Coronel Neves
O delegado que ficou contra a pena de morte
Beatriz Abagge, que em breve deverá viver o derradeiro capítulo dessa história que cruzou o trágico destino de Evandro com o trágico destino de sua própria vida, foi execrada e apedrejada em praça pública, numa onda que se formou na qual as pessoas agiam dentro do conceito criado pela filósofa e cientista política Hannah Arendt em “Origens do Totalitarismo”, a partir de uma de sua reportagens para a revista americana “New Yorker”: “a solidão organizada das massas populares”. Beatriz ficou encarcerada com sua mãe por três anos e meio em Piraquara e por mais três anos em prisão domiciliar em Curitiba até o julgamento que a absolveu em 1998. Em liberdade, seu primeiro passeio com a mãe foi no Jardim Botânico, caminhada que refez com ISTOÉ. “Assim que entrei em casa, ainda em prisão domiciliar, detonei o cartão de crédito de meu irmão comprando uma porção de coisas pela televisão. Era o que eu queria fazer. Assim que conquistamos a nossa libertação, no primeiro júri, fomos passear no Jardim Botânico. Era isso também o que queríamos fazer”, diz ela. Medo de encarar novamente sete jurados? “Não tenho medo de mais nada, com certeza o pior na minha vida já veio, que foi a tortura. Nada do que virá poderá ser pior. Os tempos são outros, o estado democrático de direito está consolidado, o mundo dá voltas, as pessoas mudam.” Das voltas que o mundo dá, Beatriz é, na verdade, testemunha em carne e osso: hoje ela trabalha no próprio Poder Judiciário de Curitiba atuando no apoio e acompanhamento às medidas alternativas do Juizado Especial Criminal. Vai a Guaratuba sem medo, assim como foi no Carnaval de 1999, no ano seguinte à absolvição: aí reatou com seu namorado de antes da prisão, casou-se e com ele tem uma filha de dez anos (tem também um casal de gêmeos que adotara antes de ser presa e que já é maior de idade). Separou-se do marido, namorou um advogado 13 anos mais novo, estranhou a diferença de idade e prefere nesse momento ficar sozinha. Medo da solidão? “Não.” Medo de nada? “Olha, tenho medo de engordar. Estou com 52 quilos para uma altura de 1,55 m. Mas devoro chocolate e não vou fazer regime; chega a fome que passei na cadeia.” Quanto à outra parte da fala de Beatriz, a de que “as pessoas mudam”, aqui vão três exemplos.
O primeiro: Humberto Simões, morador de Guaratuba, é viúvo de Albertina Michelatti, que trabalhou na casa de Celina Abagge. Assim que o crime foi divulgado, Humberto e Albertina brigaram em casa e em público: ele acusava a mãe e a filha, ela as defendia. “Com o tempo fui vendo que houve muita trapalhada, mudei de opinião”, diz Humberto. O segundo exemplo trata de mudança na mão inversa: “Distanciando-me dos fatos, nesse instante eu as acho culpadas”, diz uma moradora que está há oito anos na cidade e não quis ser identificada. Finalmente, o terceiro exemplo envolve o delegado Oliveira, que era intransigente defensor da pena de morte. “Quando soube do crime pela televisão, eu gritei: pena de morte para essas duas ‘bruxas’. Pois bem, houve tanto erro da polícia nesse caso que hoje eu sou contra a pena de morte para qualquer ser humano.” Antes de partir de Guaratuba, na quarta-feira 6, justamente a data em que se completaram 19 anos do triste desaparecimento de Evandro, ISTOÉ foi à casa de sua família, a mesma em que ele morou. Seu pai, Ademir, nem chegou até o portão. O máximo que fez foi pôr o rosto na janela e, aos berros para que sua voz prevalecesse sobre os latidos do cachorro, limitou-se a dizer: “Não vou falar nada. Vai embora. Não tenho nada a dizer.”
O primeiro: Humberto Simões, morador de Guaratuba, é viúvo de Albertina Michelatti, que trabalhou na casa de Celina Abagge. Assim que o crime foi divulgado, Humberto e Albertina brigaram em casa e em público: ele acusava a mãe e a filha, ela as defendia. “Com o tempo fui vendo que houve muita trapalhada, mudei de opinião”, diz Humberto. O segundo exemplo trata de mudança na mão inversa: “Distanciando-me dos fatos, nesse instante eu as acho culpadas”, diz uma moradora que está há oito anos na cidade e não quis ser identificada. Finalmente, o terceiro exemplo envolve o delegado Oliveira, que era intransigente defensor da pena de morte. “Quando soube do crime pela televisão, eu gritei: pena de morte para essas duas ‘bruxas’. Pois bem, houve tanto erro da polícia nesse caso que hoje eu sou contra a pena de morte para qualquer ser humano.” Antes de partir de Guaratuba, na quarta-feira 6, justamente a data em que se completaram 19 anos do triste desaparecimento de Evandro, ISTOÉ foi à casa de sua família, a mesma em que ele morou. Seu pai, Ademir, nem chegou até o portão. O máximo que fez foi pôr o rosto na janela e, aos berros para que sua voz prevalecesse sobre os latidos do cachorro, limitou-se a dizer: “Não vou falar nada. Vai embora. Não tenho nada a dizer.”
O APOCALIPSE EM GUARATUBA
Até 11 de abril de 1992, o sábado em que o corpo – ou o suposto corpo – de Evandro foi localizado em um matagal de Guaratuba, o assunto que sobrevivia na cidade entre os mais velhos que vivenciaram o fato e entre os mais jovens que dele ouviram falar dava conta de um acidente natural que na noite de 22 de setembro de 1968 colocou todos em desespero e em preces: uma parte do município foi “engolida pelas águas” e submergiu na baía de Guaratuba. Desesperadas, as pessoas buscavam abrigo na Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, construída por escravos e inaugurada em 1771. Até hoje a igreja está lá, intacta com suas paredes de um metro de largura, que, segundo a lenda, guardam milhares de moedas de ouro. Pois bem, na “noite em que acreditamos que seria o apocalipse”, como diz a evangélica Maria das Graças, 73 anos, os moradores queriam se abrigar na igreja porque acreditavam que “estariam livres de seus pecados naquele juízo final”. A história tornou-se durante décadas a pesada recordação. Outra viria a ocupar seu lugar, no entanto, 24 anos depois – e até os dias atuais é a que mais resiste ao desgaste do tempo: o caso das “Bruxas de Guaratuba”.
Colaborou Monique de Oliveira
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