Sindicância vai apurar entrega de marmita em cadeia para família de prefeito
Delegado seccional diz que chefe de carceragem não podia ter autorizado entrega
A Polícia Civil vai abrir sindicância para apurar a entrega irregular de alimentos nas cadeias onde estão as 11 pessoas presas durante uma operação do Ministério Público e da ROTA, suspeitas de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e formação de quadrilha em Limeira. Entre os detidos estão a primeira-dama, Constância Félix, e os filhos do prefeito Silvio Félix (PDT), Maurício e Murilo Félix. A primeira-dama e duas irmãs dela, além de outras duas mulheres, estão detidas na carceragem da Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Os seis homens estão na cadeia anexa à Delegacia Seccional de Limeira. Nenhum preso pode receber visitas e alimentos aos finais de semana, segundo as regras da cadeia, mas a EPTV flagou um taxista entregando uma caixa com marmitas para os detidos no sábado (26).
O investigador Marco Antonio Correa disse que o privilégio era apenas para os envolvidos no caso da primeira-dama de Limeira, e que recebeu a informação de um escrivão que a ordem teria partido do delegado seccional. "Eu disse para o carcereiro que isso era revoltante, porque para as pessoas humildes a determinação é de não receber nada", afirmou o agente. Também no sábado, por telefone, o delegado José Henrique Ventura alegou que a entrega era permitida, o que no meio policial é conhecido como "jumbo", mas mudou de opinião nesta segunda-feira (28).
Em entrevista coletiva à imprensa, Ventura confirmou que os 11 presos receberam café da manhã e almoço, o que é irregular. Ele disse que vai apurar as responsabilidades da entrega, tanto de quem entregou quanto de quem mandou entregar. De acordo com o delegado seccional, quem autorizou a entrada dos alimentos nas cadeias foi o chefe da carceragem. Nesta segunda-feira, o repórter Marcelo Ferri conversou com ele, mas a versão dada foi de que as ordens vieram do delegado-assistenta da seccional. "Eu tinha autorização do meu delegado, o dr. Marciano [delegado-assistente da seccional Marciano Martins]", disse o chefe da carceragem.
Além disso, o delegado informou que vai abrir um processo administativo contra o agente policial que deu entrevista à EPTV no sábado. Segundo o seccional, ele não teve autorização para falar com a imprensa e não respeitou a hieraquia da polícia.
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