“Não aprovaremos nada na Assembleia sem conhecer a realidade financeira do Estado”, garantiu nessa segunda-feira (17) o vice-governador eleito e coordenador político da transição, Antônio Andrade (PMDB), confirmando que o futuro governo está convencido de que é melhor iniciar a nova gestão sem orçamento do ano que vem, o que seria inédito na história política e administrativa do Estado. A alternativa, nesse caso, seria lançar mão dos duodécimos do orçamento eventual de forma a bancar somente os custeios. Nessa condição, o Estado ficaria impedido de fazer quaisquer investimentos.
“Isso não será problema, até porque não pretendemos investir nos primeiros meses. Não faremos nem aceitaremos qualquer impacto financeiro sobre o novo governo sem conhecer a realidade econômica que estamos recebendo. Por isso, o orçamento não será aprovado na Assembleia”, afirmou Andrade. Segundo ele, a maior razão e desconfiança da futura gestão relacionam-se com o atual projeto de orçamento, as emendas que estão sendo feitas, além das propostas de emenda constitucional (PECs 63 e 69), que impactam economicamente.
De acordo com Andrade, a solução seria enviar outra proposta de orçamento, mais exequível, pelo futuro governo. Segundo informações dos aliados de Pimentel, PT e PMDB, o presidente da Assembleia, Dinis Pinheiro (PP), estabeleceu ordem de votação priorizando esses projetos, que eles não aceitarão. Andrade, que hoje é deputado federal, considera também equívoco a proposta de orçamento impositivo (PEC 63), já aprovado em Brasília, e um engodo a PEC 69, que pretende efetivar os cerca de 90 mil servidores da Educação: “Isso é empurrar o problema pra frente. Não resolve”.
E o reajuste para a policia?
Nesse cenário de incerteza, até mesmo o reajuste parcelado de 15% para a PM, previsto para março do ano que vem, está em risco e não será cumprido se a realidade econômica futura não o sustentar. Diante das incertezas, os aliados dizem que o melhor é esperar Fernando Pimentel retornar de sua viagem de férias para dar novas orientações.
Pedra sobre pedra
Se o clima por aqui é de tensão, o de Brasília é parecido com previsão meteorológica de tsunami após novas denúncias e investigação no escândalo que começa na Petrobras e está caindo no colo das empreiteiras, que vêm ganhando visibilidade desde o governo JK (1956-1961). Depois delas, a próxima etapa envolverá os políticos, gente de todos os partidos, da situação à oposição, que, de uma forma ou outra, foram financiados por elas.
Se levada a termo, segundo a presidente Dilma Rousseff (PT), poderá, numa escala maior, mudar o Brasil, ou, noutra, temida pela maioria, mudar a configuração do futuro Congresso. Isso poderá alterar também muita coisa que, em Minas e em Brasília, já estava acertada. Com ou sem 3º turno, o melhor é deixar a Justiça trabalhar.
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