Investigações apontaram que Diovane Castro e o vice, Jair Neto,
forneceram cestas básicas e ofereceram descontos em cirurgia e até dinheiro a
eleitores em troca de votos. Defesa argumentou falta de provas; G1 aguarda
retornos dos citados.
Por
Ricardo Welbert, G1 Centro-Oeste de Minas
19/05/2017 18h11 Atualizado há 1 hora
Diovane Policarpo de Castro (E) e o
vice, Jair Cordeiro Valadares Neto: prefeito e vice, respectivamente, em
Maravilhas (Foto: PV/Divulgação)
O Tribunal
Regional Eleitoral (TRE) cassou os mandatos do prefeito e do vice-prefeito de
Maravilhas por abuso de poder econômico e compra de votos. Diovane Policarpo de
Castro (PV) e o vice dele, Jair Cordeiro Valadares Neto (PC do B), foram
eleitos em 2016 com 2.501votos (48.04%). De acordo com a 219ª Zona Eleitoral,
na cidade de Pitangui, ainda cabe recurso da decisão. A sentença será publicada
no Diário de Judiciário Eletrônico (DJE) na segunda-feira (22).
A sentença foi
assinada pelo juiz Paulo Eduardo Neves na quinta-feira (18). O magistrado
julgou parcialmente procedentes os pedidos iniciais e definiu a cassação dos
diplomas e multou cada um em R$ 10.641,00. A decisão ocorreu em primeira
instância e ainda cabe recurso.
O G1 tentou contato com os investigados, mas ninguém
atendeu aos telefonemas da reportagem na Prefeitura de Maravilhas durante a
tarde desta sexta-feira (19). Também não houve resposta por meio de uma página da candidatura em
uma rede social.
Primeira página da decisão que cassa
mandatos de prefeito e vice (Foto: TRE/Reprodução)
A Ação de
Investigação da Justiça Eleitoral foi ajuizada na 219ª Zona Eleitoral pelo
Ministério Público Eleitoral. Segundo a promotoria, durante as eleições de
2016, os candidatos compraram 50 cestas básicas em um supermercado e
distribuíram os kits de alimentos a eleitores.
Outra acusação
aponta o envolvimento dos dois na oferta de descontos nos preços de cirurgias
de catarata durante o período eleitoral. Eles e alguns apoiadores também teriam
oferecido dinheiro a eleitores na Escola Municipal Dona Vina, no dia de
votação.
Durante o
processo, as defesas dos investigados argumentaram que faltavam provas dos
crimes. Afirmaram que os depoimentos tomados durante o procedimento
preparatório seriam "inservíveis" por causa da procedência da
investigação.
Diovane Policarpo de Castro se
candidatou a prefeito de Maravilhas em 2016 (PV) (Foto: Eleições
2016/Divulgação)
Ponderaram
ainda que "as inúmeras, sucessivas e inconciliáveis versões indicariam uma
tentativa disfarçada de criar um malicioso enredo de compra de votos e, com
isso, vilipendiar [ou seja, rejeitar] a vontade popular". Os acusados
também classificaram como ilícita a forma como as declarações foram colhidas –
o que a Justiça Eleitoral negou na sentença.
"É
possível verificar, sem qualquer dificuldade, a influência direta deles na
prática de fatos graves, com entregas de cestas básicas com a intenção de
cooptar a vontade dos eleitores envolvidos, ou seja, finalidade eleitoral. Por
óbvio, tudo se passou de modo dissimulado", disse o juiz na sentença.
Na avaliação do
magistrado, as condutas adotadas por Diovane e Jair são ilegais e podem ter
influenciado pessoas a votarem neles, afetando a lisura do pleito. "Tanto
na hipótese de abuso de poder econômico como na captação ilícita de sufrágio, o
que se busca coibir é a perturbação da livre manifestação popular. Quem oferece
ou promete vantagem pessoal ao eleitor, com o objetivo de lhe obter o voto,
está perturbando a livre manifestação popular, corrompendo a vontade de ser
manifestada pelo eleitor, o que merece a devida censura", argumentou o
magistrado.
Jair Cordeiro Valadares Neto (PC do B)
foi candidato a vice-prefeito de Maravilhas no ano passado (Foto: Eleições
2016/Divulgação)
Quem
são
De acordo com
informações oficiais divulgadas na página da campanha, Diovane Policarpo de Castro tem 43
anos, é casado e pai de dois filhos. Nasceu no povoado de Boa Vista foi criado
em Maravilhas. Formado como técnico em contabilidade, trabalhou em um banco por
22 anos, onde chegou ao cargo de gerente.
Jair Cordeiro
Valadares tem 33 anos, é casado e pai de dois filhos. Nascido e criado em
Maravilhas, é formado em economia e atua como empresário. É sócio fundador de
ao menos quatro empresas.
Última página da sentença assinada pelo
juiz Paulo Eduardo Neves (Foto: TRE/Reprodução)
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