Processo do mineiro que exerceu grande parte do sacerdócio em Leandro Ferreira encerra fase brasileira e agora segue para o Vaticano. Religioso em vida já era considerado santo
postado em 12/11/2016 06:00 / atualizado em 12/11/2016 08:32
Segundo o postulador da causa diocesana, padre Adelmo Sérgio Gomes, toda a documentação, com mais de 500 páginas, será entregue aos novos “advogados” da causa de beatificação, os italianos Paolo Vilotta e o padre Paolo Lombardo, que estarão presentes à cerimônia e embarcam na segunda-feira para a Itália. Reivindicação antiga dos católicos da região – “Quando padre Libério era vivo, as pessoas já o consideravam santo”, conta padre Adelmo –, o processo recebeu sinal verde da Congregação para a Causa dos Santos, do Vaticano, em 8 de agosto de 2011. “Foi o nihil obstat (nada consta) para continuarmos”, afirma padre Adelmo, titular da Paróquia de Santo Antônio, em Santo Antônio dos Campos.
“A fase diocesana é a mais trabalhosa, pois requer o levantamento de toda a história, cópias de documentos, busca de certidões em arquivos, depoimentos e outras ações”, diz o padre Adelmo, lembrando que o padre Libério já tem o título de Servo de Deus. Ele explica que há relatos de milagres alcançados por intercessão do religioso, mas eles irão integrar outra etapa do processo. Conforme as determinações do Vaticano, é preciso a comprovação de um milagre para alguém se tornar beato e depois de outro, para que seja canonizado ou se torne santo da Igreja Católica. “Tudo foi feito dentro de um tribunal constituído na diocese”, afirmou o postulador brasileiro.
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DEVOTOS Padre Libério Rodrigues Moreira estudou no seminário de Mariana, na Região Central, e morreu em Divinópolis aos 96 anos. Foi também vigário em Pitangui, passou por São José da Varginha, Nova Serrana, Pará de Minas, mas, a seu pedido, foi enterrado em Leandro Ferreira, onde exerceu o sacerdócio por muito tempo. A Matriz de São Sebastião, construída por ele com recursos de esmola e doações, se assemelha à descrição de seu fundador – “leve e acolhedora” –, e este ano recebeu os restos mortais dele, que estavam no cemitério local. A exumação dos ossos, acondicionados num sarcófago de granito, ocorreu em 12 de maio deste ano, e, segundo as autoridades, é exigência do Vaticano, pois as relíquias de um candidato a beato têm que ficar na igreja.
Em caso de se tornar beato, um tempo de espera considerado imprevisível, padre Libério será o quarto em Minas, seguindo os passos de Nhá Chica (1810-1895), nascida em São João del-Rei, na Região do Campo das Vertentes; de Padre Victor (1827-1905), de Campanha; e também de Padre Eustáquio, holandês que desenvolveu grande trabalho pastoral em Minas e foi beatificado, em cerimônia no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, em 15 de junho de 2006.
Conforme mostrou reportagem do Estado de Minas, a outrora pacata cidade de Leandro Ferreira vem se consolidando como um dos mais importantes e movimentados centros de fé e peregrinação do estado. Da fonte onde estava sepultado Padre Libério, fiéis levam centenas de garrafinhas com água, que acreditam estar impregnada de energia abençoada.
Na Matriz de São Sebastião, com capacidade para receber 500 pessoas em uma cidade de pouco mais de 3 mil habitantes, nota-se que o religioso – que doou todos os seus pertences, vivendo somente com o necessário – foi um visionário, acreditando na expansão da fé. Revelou-se certo ao insistir na construção da igreja, inaugurada em 1958, em Leandro Ferreira. Todos os domingos, a missa dos romeiros atrai à igreja centenas de visitantes. São devotos de Minas e de outros lugares, como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, onde os feitos e milagres atribuídos ao padre já fizeram fama. O número de romeiros cresceu tanto que, na missa de domingo, moradores da cidade chegam a ceder aos visitantes seus lugares na igreja.
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