'Quebra-cabeça humano', diz perito sobre mortos em massacre no AM
Peritos fizeram mobilização para cobrar estrutura no IML, em Manaus.
Eles dizem que faltam gazes e luvas, além de pedaços de corpos de presos.
Peritos oficiais do Amazonas informaram ao G1 que o processo de identificação das vítimas do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) é como um "quebra-cabeça humano". Entretanto, eles contam que faltam "peças". Partes dos corpos dos detentos mortos não foram encontradas. A classe apontou ainda que há falta de estrutrura no Instituto Médico Legal (IML) para atender a demanda.
Dezenas de peritos fizeram uma mobilização, nesta quinta-feira (5), para denunciar a desvalorização da categoria e as condições de trabalho no IML que, de acordo com eles, é precária. Segundo os servidores, houve falta de gazes, luvas e outros materiais para trabalhar no dia da chacina no presídio, no domingo (1º).
Durante protesto, o médico-legista Cleverson Redivo falou das dificuldades e das precárias condições em que os legistas estão trabalhando para identificar os corpos do massacre do Compaj.
"A situação no IML, no domingo à noite, não tínhamos nem luvas e nem gazes. Foi uma correria geral para buscar nos hospitais e fazer empréstimo de material para dar conta da realidade. Infelizmente, não temos programação para responder uma catástrofe desse jeito", contou.
Por conta do esquartejamento dos corpos, Redivo diz que a equipe encontra dificuldades para seguir com a identificação. "Nós estamos passando por uma dificuldade grave, porque muitos cadáveres foram decapitados. Estamos com dificuldades de DNA e de arcada dentária. Tem corpos faltando partes e que não conseguimos encontrar", disse.
Redivo afirma ainda que a falta de pedaços pode tornar a liberação de corpos mais lenta. "Sabemos a causa das mortes, mas não conseguimos fazer a identificação. Chegar e comparar a imagem do corpo e foto é reconhecimento, não é identificação. A identificação vai depender da vontade do governo de fazer as coisas acontecerem de uma forma real", ponderou.
Os peritos se reuniram em frente ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), na Zona Centro-Sul de Manaus, onde a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, se reúne com autoridades do Governo do Estado para discutir a situação do sistema prisional do país. O protesto tem o objetivo de tentar um diálogo para tratar das condições de trabalho no IML.
"Nós querermos que a ministra se aproxime o mais rápido possível da realidade da perícia criminal. A ministra tem que acreditar que não existe justiça sem uma prova material contundente, sem uma perícia que funcione e dê materialidade para os processos judiciais", disse Redivo.
Na pauta dos peritos estão a inclusão da classe na Lei de Reestruturação Remuneratória da carreira da Polícia Civil, a destituição imediata dos diretores dos Institutos e do Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) e eleição imediata dos diretores dirigentes, além da aplicação do Decreto Governamental, com implantação da Lei de Reestruturação do órgão pericial em todo o estado.
"Todos estamos trabalhando na identificação dos corpos, mas, infelizmente não temos um serviço informatizado de identificação e não temos um cadastro de identificação criminal dos presos. Infelizmente, o estado é largado na identificação criminal", disse o médico-legista, ao afirmar que há gavetas ocupadas por corpos de pessoas que estão há três meses sem identificação.
De acordo com o Sindicato dos Peritos Oficiais do Amazonas (Sinpoeam), 21 peritos estão atuando no IML em escalas com cinco profissionais por plantão a cada dia. Segundo a presidente da pasta, Fernanda Versiani, em 2017, os peritos chegam ao terceiro ano consecutivo sem reajuste salarial. Ele cobram ainda a criação de uma Cadeia de Custódia no estado.
De acordo com o Sindicato dos Peritos Oficiais do Amazonas (Sinpoeam), 21 peritos estão atuando no IML em escalas com cinco profissionais por plantão a cada dia. Segundo a presidente da pasta, Fernanda Versiani, em 2017, os peritos chegam ao terceiro ano consecutivo sem reajuste salarial. Ele cobram ainda a criação de uma Cadeia de Custódia no estado.
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