sexta-feira, 9 de julho de 2010

DNA de cachorro ajuda Justiça britânica a condenar dono por homicídio



O Cão Tyson foi solto para perseguir a vítima e impedir sua fuga

A Justiça britânica usou o DNA de um cachorro para condenar um membro de uma gangue londrina pelo assassinato de um adolescente no ano passado.


A condenação – a primeira a usar um exame de DNA de um cão na Grã-Bretanha – ocorreu na última quinta-feira. Nesta sexta-feira, o réu foi sentenciado à prisão perpétua e terá que cumprir 24 anos de pena para poder tentar diminuí-la.

O caso ocorreu em abril de 2009, quando Chrisdian Johnson, de 23 anos, usou seu cão para perseguir e atacar Oluwaseyi Ogunyemi, de 16 anos, antes de matá-lo a facadas.

A partir do exame de DNA do sangue encontrado no local do crime e na vítima, a polícia foi capaz de provar que o cão de Johnson participou do assassinato.

Além disso, quando foi preso, o réu tinha as mãos cheias de sangue de sua vítima e de seu cachorro, que acabou ferido durante o crime.

Para completar a cena, um rastro de sangue do animal foi encontrado entre o local do assassinato e a casa de Johnson.

Com base nessas evidências, Johnson acabou condenado por homicídio doloso.

O crime

A vítima, também conhecida como Seyi, estava acompanha de seu amigo Hurui Hiyabu em um parque no sul do Londres quando foram perseguidos por cerca de 20 membros de uma gangue.

Johnson, líder do grupo, então soltou seu cachorro Tyson, um cruzamento entre as raças pit bull e mastife, para perseguir as vítimas, que foram pegas quando tentavam pular uma cerca. Uma outra pit bull chamada Mia também participou da perseguição.

Enquanto os cães mordiam as vítimas e a gangue as espancava, Johnson as esfaqueava. Seyi recebeu seis facadas e Hiyabu nove.

"Na hora do ataque, ambos os cachorros foram soltos. Então eles perseguiram, jogaram no chão e atacaram ferozmente suas vítimas, dando aos seus donos humanos uma vantagem, permitindo a eles então chegar às vítimas para esfaqueá-las", narrou ao júri o promotor do caso, Brian Altman.

Seyi morreu no local, mas seu colega conseguiu sobreviver, apesar das facadas, mordidas e pancadas que recebeu.

O ataque teria sido em decorrência de uma disputa entre gangues londrinas rivais.

DNA do cachorro

A partir de um novo banco de dados de DNA de cachorros e de uma nova técnica para analisar esse material, a polícia britânica agora é capaz de identificar a participação de um cão em um crime.
Oluwaseyi Ogunyemi (Metropolitan Police/PA)

Seyi recebeu seis facadas, além das mordidas dos cachorros

"A técnica que nós temos é a primeira na Grã-Bretanha que nos permite ligar uma amostra a um cachorro específico com um grande nível de certeza", disse o zoologista forense Rob Ogden.

Segundo os cientistas, o DNA do cachorro não pode servir como prova categórica de que uma pessoa estava em uma cena de crime, mas pode ser uma evidência muito forte.

"Por exemplo, se o animal de estimação de alguém esteve em um lugar e deixou pelos ou sangue lá, então relacionar aquele animal ao seu dono que é suspeito do crime pode ser uma evidência muito clara", explicou Ogden.

O investigador do setor de homicídios da polícia de Londres destacou a importância dessa nova técnica.

"Os avanços com relação ao DNA de cachorros e ao trabalho forense significa que, agora, qualquer pessoa que possui um cachorro e o usar para atacar pessoas pode ser identificada e processada", disse.

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