sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Deficiente físico fica sem vaga de estacionamento e leva coronhada na cabeça.

Homem afirma ter levado coronhada em São José dos Campos, em SP.
Policial disse que recebeu cusparada no rosto e que deu tapas na vítima.

 
Um advogado cadeirante foi agredido por um delegado na tarde de segunda-feira (17), em São José dos Campos, a 97 km de São Paulo. A briga começou por causa de uma vaga especial para deficientes físicos.
O advogado Anatole Magalhães Macedo Morandini, de 35 anos, disse ao G1 nesta quinta-feira (20) que naquele dia, por volta das 17h, foi de carro a um cartório no Centro da cidade. Ao procurar a vaga exclusiva na rua, encontrou outro veículo estacionado nela. “Não tinha nenhum selo nem nada que sugerisse que o proprietário fosse deficiente”, afirmou.
Morandini encontrou um lugar mais à frente, a cerca de 200 metros, estacionou e, em seguida, seguiu em sua cadeira de rodas até o cartório. Quando se aproximou da entrada, viu o delegado Damasio Marino, que não é deficiente, caminhando até o veículo parado na vaga especial.
“Fui chamar sua atenção. Mas ele me constrangeu fisicamente. Ficou em pé na minha frente. Mesmo assim, disse que ele estava errado", contou. Ainda de acordo com o advogado, ambos começaram a trocar insultos e o policial o xingou de “aleijado filho da p...”. “Revoltado e enojado”, Morandini cuspiu na direção do delegado. Em sua versão, o cuspe atingiu o vidro do automóvel. Marino, porém, disse que recebeu a cusparada no rosto.
“Ele sacou uma arma e perguntou se eu queria morrer. No momento, não sabia que ele era policial. As pessoas que passavam pela rua saíram correndo”, contou o advogado. “Quando ele mirou na direção da minha cabeça, só consegui virar o rosto”, acrescentou Morandini, que ficou paraplégico aos 17 anos após levar um tiro na coluna durante um assalto.
A versão dos dois difere em relação à agressão que se seguiu. O advogado disse que recebeu uma coronhada na cabeça e que teve o rosto atingido pela ponta da arma. O delegado, porém, negou ter sacado a pistola, segundo sua defesa. “Ele deu dois tapas no rosto dele. Apenas reagiu a uma cusparada”, disse o advogado Luiz Antonio Lourenço da Silva, defensor do delegado.
Questionado sobre o fato de o policial ter estacionado em uma vaga exclusiva, o defensor afirmou que a noiva de Marino, grávida de 4 meses, não se sentia bem. “[Morandini] quis se prevalecer por causa de sua condição de cadeirante”, afirmou.

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