A notícia, veiculada no BLOG, sobre o assalto ao Banco nesta semana, levou-me de
volta à remota juventude, quando me restava tempo para ler as peripécias de Sherlock Holmes, de Conan Doyle, e de Hercule Poirot, criado por Agatha Christie.
Todavia, recordei mais do Comissário francês Claude Lebel, o qual, em narrativa romanceada de Frederick Forsyth, impediu a morte certa de Charles De Gaulle, intentada por antigos membros do Exército francês, inconformados com a independência política da Argélia.
Um ex-oficial da batalha da Argélia, encarregado de postar e retirar correspondências, foi sequestrado na Austria e conduzido a território francês. Aí, torturado até à morte, mencionou a palavra "chacal" pelo menos duas vezes.
Convencionou-se entre as mais altas autoridades de segurança francesa que tal palavra seria o codinome do matador de De Gaulle. Reunido o topo do Ministério, no mais absoluto segredo, escolheu-se o maior investigador francês da época, o Comissário Claude Lebel, dando-lhe a incumbência de identificar, em qualquer parte do mundo, um cidadão de codinome "chacal", que pretendia matar a soldo o presidente francês.
Para tanto, todos os grandes serviços de inteligência criminal e diplomática do Ocidente foram mobilizados na maior caçada humana até então.
O investigador tinha um nome -- chacal -- e nada mais.
Houve na América Central um homicídio por encomenda, em que um inglês de mais ou menos trinta anos, louro, alto, de bom trânsito entre as mulheres, frio como gelo, habilíssimo atirador com arma longa e conhecedor das principais cidades do mundo, teria sido o matador.
Revistaram-se os serviços de expedição de passaporte de meio mundo, dos Estados Unidos à África do Sul, à procura de alguém com as características mencionadas. Nada.
A organização contratante do matador infiltrara uma parisiense jovem e atraente, que chamou a atenção de um dos membros do seleto grupo do primeiro escalão caçador.
Enquanto isso, um rapaz preparava a morte de De Gaulle, obtendo passaportes falsos e uma arma de precisão, mandada fazer na Itália.
Num telefonema, a moça infiltrada descobriu que o codinome chacal caíra. O matador se serviu, então, de um passaporte inglês falsificado, que também "caiu". Já dentro da França, tornou-se um pacato professor dinamarquês em férias. Acontece que a polícia dinamarquesa informou a Claude Lebel o furto de um passaporte autêntico, mas que já estava com a foto de chacal.
Ao chegar de trem a Paris, a tv francesa já dera publicidade à fotografia do verdadeiro chacal. Mas era um matador terrível.
Comprando medalhas de condecoração militar e as colocando no peito, fez do fuzil uma muleta, tingiu de branco os cabelos e conseguiu passar por um policial, alegando e provando com documentos falsos, ser um velho ex-combatente da guerra argelina.
Já obtivera também a chave de um quarto de pensão e, aí estando, instalou a arma numa janela, da qual via com facilidade os festejos comemorativos da libertação de Paris, na segunda guerra.
Charles De Gaulle estaria presente e próximo da morte.
Contudo, a vigilância de Lebel era precisa. Tendo sido informado por policial fardado que por ele passara um velho e condecorado ex-combatente, o Comissário não teve dúvidas.
Era o chacal. Arrombada a porta do quarto, o quase matador do Presidente reagiu a bala e foi abatido.
Os episódios romanceados por Frederick Forsyth foram levados ao cinema. O livro foi um best-seller mundial. Em 2006 já tinha alcançado 24 edições no Brasil. Em minha estante tenho essa, da Editora Record, e outra, de 1980, da Abril. Ambas estão à disposição desse gênero de romance e dos que acreditam não haver crime perfeito. A pertinácia e inteligência do Comissário Lebel foram superiores.
volta à remota juventude, quando me restava tempo para ler as peripécias de Sherlock Holmes, de Conan Doyle, e de Hercule Poirot, criado por Agatha Christie.
Todavia, recordei mais do Comissário francês Claude Lebel, o qual, em narrativa romanceada de Frederick Forsyth, impediu a morte certa de Charles De Gaulle, intentada por antigos membros do Exército francês, inconformados com a independência política da Argélia.
Um ex-oficial da batalha da Argélia, encarregado de postar e retirar correspondências, foi sequestrado na Austria e conduzido a território francês. Aí, torturado até à morte, mencionou a palavra "chacal" pelo menos duas vezes.
Convencionou-se entre as mais altas autoridades de segurança francesa que tal palavra seria o codinome do matador de De Gaulle. Reunido o topo do Ministério, no mais absoluto segredo, escolheu-se o maior investigador francês da época, o Comissário Claude Lebel, dando-lhe a incumbência de identificar, em qualquer parte do mundo, um cidadão de codinome "chacal", que pretendia matar a soldo o presidente francês.
Para tanto, todos os grandes serviços de inteligência criminal e diplomática do Ocidente foram mobilizados na maior caçada humana até então.
O investigador tinha um nome -- chacal -- e nada mais.
Houve na América Central um homicídio por encomenda, em que um inglês de mais ou menos trinta anos, louro, alto, de bom trânsito entre as mulheres, frio como gelo, habilíssimo atirador com arma longa e conhecedor das principais cidades do mundo, teria sido o matador.
Revistaram-se os serviços de expedição de passaporte de meio mundo, dos Estados Unidos à África do Sul, à procura de alguém com as características mencionadas. Nada.
A organização contratante do matador infiltrara uma parisiense jovem e atraente, que chamou a atenção de um dos membros do seleto grupo do primeiro escalão caçador.
Enquanto isso, um rapaz preparava a morte de De Gaulle, obtendo passaportes falsos e uma arma de precisão, mandada fazer na Itália.
Num telefonema, a moça infiltrada descobriu que o codinome chacal caíra. O matador se serviu, então, de um passaporte inglês falsificado, que também "caiu". Já dentro da França, tornou-se um pacato professor dinamarquês em férias. Acontece que a polícia dinamarquesa informou a Claude Lebel o furto de um passaporte autêntico, mas que já estava com a foto de chacal.
Ao chegar de trem a Paris, a tv francesa já dera publicidade à fotografia do verdadeiro chacal. Mas era um matador terrível.
Comprando medalhas de condecoração militar e as colocando no peito, fez do fuzil uma muleta, tingiu de branco os cabelos e conseguiu passar por um policial, alegando e provando com documentos falsos, ser um velho ex-combatente da guerra argelina.
Já obtivera também a chave de um quarto de pensão e, aí estando, instalou a arma numa janela, da qual via com facilidade os festejos comemorativos da libertação de Paris, na segunda guerra.
Charles De Gaulle estaria presente e próximo da morte.
Contudo, a vigilância de Lebel era precisa. Tendo sido informado por policial fardado que por ele passara um velho e condecorado ex-combatente, o Comissário não teve dúvidas.
Era o chacal. Arrombada a porta do quarto, o quase matador do Presidente reagiu a bala e foi abatido.
Os episódios romanceados por Frederick Forsyth foram levados ao cinema. O livro foi um best-seller mundial. Em 2006 já tinha alcançado 24 edições no Brasil. Em minha estante tenho essa, da Editora Record, e outra, de 1980, da Abril. Ambas estão à disposição desse gênero de romance e dos que acreditam não haver crime perfeito. A pertinácia e inteligência do Comissário Lebel foram superiores.
José Cirilo de Vargas é Professor Titular da Escola de Direito da UFMG, Doutor em Direito Penal e autor de diversos livros.
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