terça-feira, 13 de março de 2012

Chocante: Delegado Vereador chama a Policia Civil de corrupta.


Comissão de direitos Humanos pede intervenção na Polícia Civil do Vale do Aço

 
Em conversa com a reportagem do Plox, na tarde deste sábado (10), o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o deputado, Durval Ângelo, informou que assinou um pedido de intervenção na Polícia Civil no Vale do Aço.
“Diante da gravidade das denúncias pedimos o afastamento do delegado João Xingó”
O parlamentar disse que assistiu ao vídeo veiculado na reportagem do Plox, no qual o ex-delegado e presidente da Câmara de Vereadores de Coronel Fabriciano, Francisco Lemos, denuncia a existência de um esquema corrupção instaurado nas delegacias da região e que, segundo o vereador, seria comandado pelo delegado regional, João Xingó. “As imagens são chocantes. Os fatos ali mencionados são de natureza gravíssima, por isso ontem mesmo [sexta-feira-09] acionamos o Colegiado da Corregedoria de Polícia do Estado e pedimos uma intervenção imediata na Polícia do Vale do Aço”, disse.
Afastamento do delegado regional
Durval Ângelo também destacou que o documento encaminhado ao Colegiado da Corregedoria pede que o delegado regional, João Xingó, seja afastado do cargo. “Di-ante do quadro, a partir dessas denúncias, ele precisa ser afastado de suas funções imediatamente”, disse o deputado.
O parlamentar disse ainda que o presidente da Câmara de Coronel Fabriciano já colaborou com a Comissão de Direitos Humanos e que prestou relevantes serviços em prol da elucidação de crimes na região. “Lemos já provou em outras oportunidades que trata esses assuntos com muita seriedade, cabe ainda destaca que ele é um delegado aposentado, com amplo conhecimento das atividades da Polícia Civil”, disse.
Lemos protocolará denúncia no Fórum de Ipatinga
O ex-delegado, Francisco Lemos, também conversou com a reportagem do Plox, na tarde deste sábado. Ele informou que estará protocolando junto ao Fórum de Ipatinga, nesta segunda-feira, às 14h, a denúncia de corrupção contra a Polícia Civil e o delegado João Xingó. “Vou documentar junto à Justiça, a minha denúncia. O caso é grave eu não seria leviano de fazer uma afirmação dessas se eu não tivesse bem fundamentado”, disse.
Entenda o caso
Os jornalistas que compareceram à convocação de uma entrevista coletiva, do presidente da Câmara de Coronel Fabriciano, Francisco Lemos, na manhã desta quarta-feira (7), ficaram surpresos com o desfecho.
De acordo com o convite, o presidente do legislativo municipal, que é delegado aposentado, falaria sobre o aumento da criminalidade na cidade e região. Francisco Lemos abordou o assunto, mas disse que faria declarações graves, e fez: Ele acusou a Polícia Civil de Coronel Fabriciano de receber dinheiro de criminosos e terem associação com o crime. Em seguida, Lemos, que até então não havia citado nomes, disse que existe um “esquema de corrupção” instalado dentro da Polícia Civil da região, comandado pelo delegado regional, João Xingó.
Um delegado e outros agentes da Delegacia de Coronel Fabriciano, chegaram ao plenário da Câmara, onde ocorria a entrevista, no momento exato em que o presidente da casa fazia as acusações. O clima ficou tenso, Lemos apontou o dedo para os agentes e disse que não tinha medo e que iria falar abertamente. “Falarei olhando para eles. Não tenho medo de cara feia.”, disse.
Segundo Lemos, o delegado regional, João Xingó, não apenas é conivente com seus comandados, como ele próprio também receberia dinheiro dos marginais para liberá-los da prisão. “Ele [João Xingó] falou dentro da minha casa, e tem como eu provar isso, que recebe dinheiro dos bandidos e que reparte esse dinheiro com os chefes dele e com a Corregedoria de Polícia”, afirmou Lemos.
Em meio a um clima tenso, Lemos, por diversas vezes, olhava para os policiais presentes e afirmava que não tinha medo de morrer. “A pior praga que existe em qualquer setor público é a corrupção. Quando se tem um policial conivente com a criminalidade, ele só pode ser bandido. Então pode colocar em letras garrafais “Doutor Lemos chama Doutor Xingó de bandido”, porque eu falo e assino embaixo.
Além dos jornalistas e dos policiais de Coronel Fabriciano, estava também no plenário, o soldador, Natanael Alves de Abreu, 25 anos, que segundo Lemos, estava ali por que seria uma das testemunhas que provariam suas acusações.
Natanel figura como vítima em um inquérito policial na Delegacia de Coronel Fabriciano, no qual afirmou ter sido torturado por policiais militares, após uma abordagem de rotina. No inquérito ele disse que esses policiais chegaram ao ponto de introduzirem um cassetete em seu anus.
Lemos disse que a presença do soldador naquele recinto era para contar a “real história” que teria acontecido. Segundo o presidente da Câmara, não houve tortura, mas Natanael teria sido obrigado a fazer um depoimento falso para incriminar os policiais militares. “O jovem foi preso e ao chegar a Delegacia, como de costume, exigiram dele dinheiro para que fosse liberado, como ele não tinha grana, então a Polícia Civil o obrigou a mentir para prejudicar os policiais militares”, afirmou.

Clique para assistir às denúncias de Lemos e à resposta do delegado João Xingó
Equanto falava, Lemos ouviu da plateia uma voz que o acusava de ter dado dinheiro ao soldador para ele mudar seu depoimento. Sobre isso Lemos disse que não tem nenhuma ligação com as pessoas envolvidas no caso. “Se eu fizesse isso, estaria praticando uma fraude processual. Eu nunca tive uma punição na Polícia Civil, ao contrário desse Xingó, que chegou aqui com 90 dias de suspensão. Aliás, ele chegou aqui com um processo para ir para rua. Eu tenho certeza que meu nome apareceu nisso aí para a minha morte moral. Eu só tenho medo disso daí, por que da morte física eu troco tiro com qualquer um e sou mais eu”, disse.
Questionado sobre os motivos que levariam a Polícia Civil a forçar o rapaz a mentir, Lemos disse que seria uma forma de “eliminar” os PMs, pois eles teriam feito a prisão da advogada de Ipatinga, acusada de associação ao tráfico. “O doutor Xingó me disse que eles [os policiais militares] cruzaram o caminho da Polícia e pagariam alto por isso”, afirmou Lemos.
Segundo a PM, a advogada foi presa quando estava neste veículo (Corola) e teria tentado subornar os policiais – Clique na imagem para assistir a reportagem completa sobre o caso/ Foto: Wfred
Ainda segundo declarações de Lemos, a prisão da advogada teria “prejudicado o esquema de propina”, então esses policiais militares estariam “estragando” um dos mecanismos de corrupção e que por isso estariam sendo perseguidos. “O advogado que a Polícia Civil arrumou para ensaiar o que o rapaz deveria falar é do mesmo escritório da advogada presa”, afirmou Lemos.
Os jornalistas também falaram com o soldador Natanael Alves. Durante sua entrevista, ele confirmou a versão do presidente da Câmara e afirmou que teria feito declarações falsas para incriminar a Polícia Militar.
“Eu fui preso em Timóteo, fui levado à delegacia de Ipatinga e lá eu fui detido. Me pediram R$ 5 mil para me liberarem e eu negociei em R$ 3 mil. Aí me liberaram para buscar esse dinheiro para eles e eu não tenho esse dinheiro. Quando a Polícia Civil me localizou e me pediu a grana, como eu não tinha, pediram para falar tudo isso contra a PM e em troca eu não daria o dinheiro para eles”, disse o rapaz.
Prefeito de Coronel Fabriciano pede apuração das denúncias
Clique para assistir ao depoimento de Chico Simões
Em entrevista coletiva, na tarde desta sexta-feira (15), o prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões (PT), disse que, após tomar conhecimento das denúncias de corrupção feitas contra a Polícia Civil de Coronel Fabriciano e contra o delegado regional, João Xingó, esteve na Procuradoria Geral do Estado de Minas Gerais, em Belo Horizonte, onde protocolou um pedido de providência para apuração dos fatos.

Xingó afirma que acusações são infundadas


Ao tomar conhecimento das acusações do presidente da Câmara, o delegado regional, Joao Xingó, marcou uma entrevista coletiva para as 17 h, na Delegacia de Ipatinga. Ele recebeu a imprensa ao lado dos delegados de Coronel Fabriciano,  Daniel Araújo e Gustavo Cecílio.
Xingó afirmou que estranhou a atitude do ex-delegado e atual presidente da Câmara, mas que recebeu essas acusações com tranquilidade, pois em sua longa trajetória na Polícia Civil, nunca respondeu nenhuma sindicância. Em seguida, João Xingó disse que faria uma listagem de seu patrimônio, e que se coloca a disposição da Corregedoria da Polícia para ser investigado. Ele disse que seus bens são plenamente compatíveis com seus rendimentos e que as afirmações são totalmente infundadas.

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