FOTO: POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO
Quatro dias depois da posse de Rômulo Ferraz como secretário de Estado de Defesa
Social, o governo do Estado deu mais um passo na mudança do comando em postos
importantes da segurança pública em Minas. O atual corregedor geral da Polícia Civil,
Cylton Brandão da Matta, foi anunciado ontem como o novo chefe da corporação,
no lugar do delegado Jairo Lellis Filho, que declarou ter colocado o cargo à disposição
do governo depois de 14 meses no comando.
Ao se despedir, Lellis negou que sua saída seja consequência da crise na área,
agravada com o péssimo desempenho da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds)
no combate à criminalidade no Estado. Estatísticas de 2011, divulgadas em fevereiro,
mostraram uma elevação de 22% nos índices de homicídios da capital.
Jairo Lellis encerra uma carreira de 37 anos na corporação. Ele reconheceu que a Polícia
Jairo Lellis encerra uma carreira de 37 anos na corporação. Ele reconheceu que a Polícia
Civil enfrenta problemas, admitiu que a integração com a Polícia Militar tem "arranhões" e
disse que "o crime é crescente não só aqui, mas em todo lugar".
A justificativa dada pelo delegado para a aposentadoria, anunciada junto com a saída
A justificativa dada pelo delegado para a aposentadoria, anunciada junto com a saída
do cargo, é a dedicação à iniciativa privada, onde Lellis deverá trabalhar com os filhos na administração de uma empresa dos ramos de transportes, serviços gerais e segurança.
Nos bastidores, porém, os comentários são outros. Policiais civis afirmam que Lellis deixa
Nos bastidores, porém, os comentários são outros. Policiais civis afirmam que Lellis deixa
o cargo sob críticas de uma ala da corporação que considera a gestão do delegado fracassada
por não ter convencido o governo do Estado a atender a uma das principais reivindicações
da categoria, que é o aumento do orçamento da corporação, além de sanar o déficit de
cerca de 9.000 servidores. A troca de comando na Polícia Civil, garante uma fonte da
corporação, era esperada desde janeiro, quando começou a dança das cadeiras na Seds.
Crise. Para o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol-MG),
Crise. Para o vice-presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol-MG),
Antônio Marcos Pereira, Jairo Lellis deixou o cargo por se sentir "desprestigiado".
"Ele deve estar se sentindo frustrado porque a Polícia Civil é sempre deixada de
lado e está sucateada".
A disparidade entre os investimentos nas duas polícias é apontada como um dos
A disparidade entre os investimentos nas duas polícias é apontada como um dos
motivos da crise que culminou com o pedido de demissão. Em fevereiro, reportagem
de O TEMPO mostrou que, entre 2007 e 2011, o orçamento da PM cresceu 76%,
enquanto o da Civil aumentou na metade do ritmo (35,5%).
Na avaliação do especialista em segurança pública Robson Sávio, a saída de Lellis
Na avaliação do especialista em segurança pública Robson Sávio, a saída de Lellis
pode ser resultado da chegada ao comando da Seds de Rômulo Ferraz, procurador
licenciado e ex-presidente da Associação Mineira do Ministério Público Estadual (MPE).
Nos últimos anos, acirrou-se a rixa entre o MPE e a Polícia Civil, que divergem sobre o
Nos últimos anos, acirrou-se a rixa entre o MPE e a Polícia Civil, que divergem sobre o
papel de cada instituição na investigação de crimes e interferem uma na área de
atuação da outra. "Essa disputa institucional pode ter sido o estopim", sugeriu Robson Sávio.
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