Aeronáutica ignora principal rota aérea de tráfico de cocaína
Anac quer discutir drone
Até o fim deste ano, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pretende desenvolver uma proposta de regulamentação para o uso de drones. O projeto deve ser alvo de audiência pública e pode ser publicado em 2014.
A Anac informou que para operar os drones é preciso conseguir uma autorização especial na própria agência e eles não podem ser utilizados em área urbana.
Mesmo
após a Polícia Federal (PF) identificar em menos de dois anos sete
aviões com grandes quantidades de pasta-base de cocaína e apreender mais
de cinco toneladas da droga no Triângulo Mineiro, a Aeronáutica
desconhece que o local seja alvo de tráfico aéreo e não tem nenhum
planejamento de aumento do controle na região.
Por outro lado, a PF tem dois drones (aviões
não tripulados) que poderiam ajudar no monitoramento, mas enfrentam
problemas burocráticos e atuam em operações esporádicas apenas na
fronteira do Brasil com o Paraguai.
Essa falha no monitoramento do tráfego aéreo
é que torna o tráfico de cocaína por avião até o Triângulo um crime
altamente lucrativo e de baixo risco. Como o transporte é feito por
aviões de pequeno porte que voam em baixa altitude, eles não são
captados por radares. A deficiência é admitida pela própria Força Aérea
Brasileira (FAB), que, em nota, afirmou ter dificuldades para
identificar “aviões sem plano de voo e sem contato com qualquer órgão de
controle, decolando e pousando em pistas clandestinas”.
Sem esse controle, as apreensões de aviões
com drogas são feitas somente quando as investigações da PF conseguem
identificar quando e onde as aeronaves vão pousar. Em quase dois anos,
isso ocorreu por seis vezes, mas a estimativa da própria PF é que pelo
menos cem aviões pousem por mês em pistas irregulares do Triângulo
Mineiro.
O chefe da PF em Uberlândia, delegado Carlos
Henrique D’Ângelo, reclamou que já pediu à FAB um maior monitoramento.
“Em uma reunião para discutir a situação, a Força Aérea afirmou que
desconhecia a atuação de aeronaves fazendo tráfico de drogas no
Triângulo. Mas sempre solicitamos apoio”, revelou o delegado.
A PF compraria 14 drones, em 2010, mas o
Tribunal de Contas da União (TCU) abriu processo por irregularidades, e a
licitação foi paralisada. À época, apenas duas aeronaves foram
entregues para atender o país.
Colaboração. Os drones têm
câmeras de alta resolução e infravermelho, que mapeiam a região e
identificam aviões suspeitos. Porém, os dois da PF atuam na fronteira e
para voar precisam do apoio da Aeronáutica. Isso porque esses aviões não
tripulados só podem operar em áreas em que o espaço aéreo esteja
fechado, para evitar colisões com aviões tripulados.
Já a Força Área Brasileira conta com quatro
drones, que já foram usados em operações da PF no Triângulo. Mas a FAB
afirmou desconhecer o uso frequente das pistas do Triângulo para o
tráfico.
Saiba mais
- No caminho. Desde
2012, o Triângulo Mineiro se transformou na principal rota área de
entrada de cocaína no Brasil, segundo a Polícia Federal.
- Fiscalização. O
interesse dos traficantes na região ocorreu depois de um aumento da
fiscalização no Oeste paulista e de um maior risco no transporte
rodoviário devido à utilização de escâneres pela Polícia Rodoviária
Federal.
Anac quer discutir drone
Até o fim deste ano, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) pretende desenvolver uma proposta de regulamentação para o uso de drones. O projeto deve ser alvo de audiência pública e pode ser publicado em 2014.
A Anac informou que para operar os drones é preciso conseguir uma autorização especial na própria agência e eles não podem ser utilizados em área urbana.
Embora o
monitoramento por radares crie vazios de fiscalização que possibilitam
aviões voarem em baixa altitude sem ser identificados, já existem
tecnologias que solucionam esse problema, mas ainda estão longe de ser
implantadas no Brasil.
Para evitar brechas, saída seria satélite
Reinaldo Alves, professor de ciências
aeronáuticas da Universidade Fumec, afirmou que é impensável que aviões
que entram no Brasil sem ser percebidos consigam fazer o mesmo nos
Estados Unidos. “Hoje, com certeza, o sistema brasileiro não é
suficiente para fazer essa fiscalização de pequenos aviões. Estamos
atrasados com relação ao que há de mais moderno no mundo. Nos Estados
Unidos, por exemplo, já estão utilizando satélites para orientar o
tráfego aéreo em detrimento dos radares. Eu já tive o meu momento
romântico de acreditar que o avanço dos radares seria a solução para o
tráfego aéreo. Mas, hoje, não tenho dúvidas de que o futuro desse setor é
o satélite”, analisou.
Enquanto os satélites não são realidade no
Brasil, apenas três radares fazem a fiscalização das aeronaves no
Triângulo. Segundo a Aeronáutica, sempre que um avião estranho é
identificado pelos radares, ele é abordado por caças e orientado a
pousar.
Fonte: O Tempo
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