Emenda eliminou plebiscito
Em
apenas 15 dias, as mudanças no sistema previdenciário dos servidores de
Minas Gerais passaram por três comissões e já estão prontas para serem
votadas. O que permitiu a velocidade na tramitação dos Projetos de Lei
Complementar 53 e 54 foi a aprovação de uma “emenda Frankenstein” que
excluiu da lei previdenciária de 2002 a necessidade da realização de um
plebiscito com os servidores para decidir se o Fundo de Previdência de
Minas Gerais (Funpemg) pode ser extinto ou não. Essa emenda é o
principal argumento do Ministério Público na ação que pede a suspensão
da tramitação dos projetos.
As manobras da base governista na Assembleia
são consideradas pela oposição e pelos sindicatos dos servidores
públicos como um “tratoraço”.
O que permitiu ao governo conseguir, junto à
sua base aliada na Casa, um ritmo intenso de tramitação das matérias
foi a emenda aprovada no Projeto de Lei 37, sancionado no começo deste
mês.
Originalmente,
o texto apenas incluía no Conselho de Administração, no Conselho Fiscal
do Fundo de Previdência do Estado de Minas Gerais e no Conselho
Estadual de Previdência um representante da Defensoria estadual.
Mas, depois de aprovada em primeiro turno, o
deputado Zé Maia (PSDB) apresentou um emenda que alterava outro artigo
da lei previdenciária. A modificação excluía um parágrafo que exigia a
realização de um plebiscito com os servidores para decidir se o Funpemg
pode ser extinto ou não. O texto passou sem chamar a atenção. A matéria
foi aprovada em segundo turno e sancionada pelo governador.
Em seguida, o PLC 53 e o PLC 54 chegaram à
Casa. As propostas do Executivo já haviam sido aprovadas pelas comissões
de Constituição e Justiça, de Administração Pública e de Fiscalização
Financeira e Orçamentária. Os textos podem ser votados em plenário nesta
semana.
“O que o governo está querendo fazer é pegar
os recursos do Funpemg, que são dos servidores e não dele, para tapar
buraco nas contas. Tudo está sendo feito sem diálogo e rápido, porque,
quando se bate a carteira de alguém, tem que ser rápido, se não a pessoa
chama a polícia”, criticou o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB).
A presidente do Sindicato Único dos
Trabalhadores em Educação de Minas (Sind-UTE-MG), Beatriz Cerqueira,
aponta que o Executivo agiu de maneira absolutista. “A exclusão do
plebiscito foi sorrateira, e não fomos convidados para discutir a
matéria. Uma audiência pública não vai substituir o plebiscito”, disse
Beatriz, referindo-se a uma audiência pública realizada na Assembleia
sobre o tema depois que os projetos já haviam sido aprovados na Comissão
de Constituição e Justiça.
Ação.
Na última sexta-feira, a Promotoria do Patrimônio Público entrou com
uma ação na 5ª Vara da Fazenda pedindo a suspensão da tramitação dos
PLCs 53 e 54, alegando ilegalidade na extinção da obrigatoriedade do
plebiscito.
Plebiscito
Esclarecimento. O
governo do Estado informou que a supressão do plebiscito na lei
previdenciária de 2002 foi feita por iniciativa dos deputados da base.
“Não existiu nenhuma ordem ou pedido para que o plebiscito fosse
excluído.”
Oposição e sindicatos avaliam que o Estado está “quebrado”
Na avaliação da
oposição e de sindicalistas, a tentativa de alterar o sistema
previdenciário dos servidores, os pedidos de empréstimo e o corte de
despesas anunciados pelo governador Antonio Anastasia (PSDB) em agosto
demonstram que o Estado está “quebrado”.
Para o deputado Pompílio Canavez (PT), “a
sanha por recursos” mostra que Estado não consegue arcar com as
obrigações com servidores e fornecedores. “Só nesta legislatura,
aprovamos R$ 19 bilhões em empréstimos. O governador anunciou a fusão de
secretarias e corte de gastos, já tem uma proposta na Casa que retira
recursos do Fundo
de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias
Hidrográficas de Minas (Fhidro) e, agora, essa extinção do Funpemg. Nós
só podemos pensar que o dinheiro está faltando”, afirma.
O presidente do Sindicato dos Servidores da
Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol-MG), Denílson Martins, diz que o
comportamento do Executivo mostra que o choque de gestão promovido no
governo Aécio Neves (PSDB) não se sustentou. “O governo não justifica o
porquê da extinção do Funpemg, e isso nos leva a pensar que realmente
Minas está quebrada.”
Segundo o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), a
postura do governo tem fim eleitoral. “Não se pode admitir que o Estado
está quebrado para não prejudicar a campanha presidencial do senador
Aécio Neves, o pai do choque de gestão e ex-governador de Minas”.
Fonte: O Tempo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O espaço de comentários do blog são moderados. Não serão aceitas as seguintes mensagens:
Que violem qualquer norma vigente no Brasil, seja municipal, estadual ou federal;
Com conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade, ou que desrespeite a privacidade alheia;
Com conteúdo que possa ser interpretado como de caráter preconceituoso ou discriminatório a pessoa ou grupo de pessoas; acusações sem provas, citando nomes de pessoas, se deseja fazer algum tipo de denúncia envie por e-mail que vamos averiguar a veracidade das denúncias, sendo esta verdadeira e de interesse coletivo será divulgada, resguardando a fonte.
Com linguagem grosseira, obscena e/ou pornográfica;
De cunho comercial e/ou pertencentes a correntes ou pirâmides de qualquer espécie; Que caracterizem prática de spam;
Fora do contexto do blog.
O Blog do Experidião:
Não se responsabiliza pelos comentários dos freqüentadores do blog;
Se reserva o direito de, a qualquer tempo e a seu exclusivo critério, retirar qualquer mensagem que possa ser interpretada contrária a estas regras ou às normas legais em vigor;
Não se responsabiliza por qualquer dano supostamente decorrente do uso deste serviço perante usuários ou quaisquer terceiros;
Se reserva o direito de modificar as regras acima a qualquer momento, a seu exclusivo critério.