´Prefiro mais efetivo a aumento de salário´, afirma delegado
Sobrecarregada devido ao déficit de 9.000 homens, a Polícia Civil afirma estar próxima de um verdadeiro colapso. "Prefiro mais efetivo a aumento de salário", diz o delegado Hamilton Figueiredo, chefe da Delegacia Regional de Ribeirão das Neves, na região metropolitana, que personifica a atual crise vivida pela corporação de Minas.
Não bastasse a falta de efetivo,
os 10.110 policiais civis do Estado
trabalham em delegacias sem estrutura
e, muitas vezes, sem condições mínimas
de funcionamento. Na Delegacia Regional
de Sabará, a casa onde funciona a unidade
policial está velha. O reboco das paredes
está descascando. O banheiro não
apresenta condições de uso e o material
apreendido em ocorrências fica amontoado
em caixas de papelão em uma sala, já que
não há outro espaço para ser colocado.
Na Delegacia de Crimes contra a Mulher de Belo Horizonte, o excesso de
inquéritos obriga as delegadas a arquivar os volumes no chão do cartório
e das próprias salas. Porretes e armas apreendidas são guardados em
caixas de papelão, em um corredor trancado apenas por uma corrente e
um cadeado. "Essas são provas de crimes que, se forem perdidas,
geram problemas para os policiais", afirma o presidente do Sindicato
dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindpol), Denilson Martins.
Nas delegacias espalhadas pelo interior do Estado, a falta de estrutura é ainda mais grave com unidades que não possuem nem mesmo tinta para imprimir inquéritos. Os problemas são ainda maiores. De acordo com o Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais (Sindepominas), dos 853 municípios mineiros, 509 não possuem delegacia. A situação obriga os delegados de
cidades polo a responderem por até sete municípios. O número
não foi confirmado pela Polícia Civil, que em quatro dias não
conseguiu levantar em quais municípios do Estado possui unidade
policial. A corporação se limitou a dizer que atua em todos os municípios
de Minas.
A Polícia Civil reconhece
o déficit de servidores
e afirma que o concurso
para a contração de 205
escrivães e 144 delegados
irá amenizar a situação.
"Isso é pouco para resolver
o problema", reclama o
presidente do Sindepominas,
Ronaldo Cardoso Alves.
Segundo ele, a necessidade
hoje é de que o número de
963 delegados em atividade
no Estado seja dobrado.
A Polícia Civil informou que a realização de reformas e de obras de unidades policiais está entre as prioridades da administração, mas, sem apresentar um plano de ações, informou que esse tipo de intervenção tem um alto custo. O orçamento previsto para a corporação em 2012 é de R$ 993,9 milhões, 5% maior que o do ano passado.
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