PM Ismael estava num caixa do mercado da família por volta das 21h30 de quarta-feira, 5 de setembro quando foi assassinado por dois criminosos.
04/11/2012 21h42 – Atualizado em 04/11/2012 23h11
Áudio revela que criminosos pagam taxa mensal a organização em SP
Devedores são obrigados a matar policiais para vingar mortes.
Desde janeiro, 90 policiais militares foram mortos no estado.
Do G1, em São Paulo
Gravações inéditas revelam que criminosos são obrigados a pagar uma taxa mensal para ajudar a fortalecer o caixa de uma organização criminosa em São Paulo.
Quem não paga, segundo o promotor de Justiça Marcelo Alexandre de Oliveira, é escolhido para cometer crimes de vingança contra policiais.
“Eles são obrigados praticamente a matar policiais sob pena de morrerem”, afirma.
Reportagem do Fantástico exibida neste domingo (4) abordou a onda de violência que assola São Paulo, com madrugadas violentas, mortes sem solução e população assustada (veja acima a íntegra da reportagem). saiba mais PM morta a tiros na frente da filha é enterrada em SP Nas gravações mostradas pelo Fantástico, uma voz diz: “A partir desta data, 10/09/12, a contribuicão mensal passa a ter o aumento de R$ 600 para R$ 850″.
Segundo o Ministério Público, documentos mostram que o grupo tem uma lista dos integrantes que morreram. Para eles, a execução de um dos integrantes da organização pela polícia é um “ato de covardia” e deve ser cobrada com mortes de policiais. Neste domingo, subiu para 90 o número de policiais militares mortos no estado de São Paulo desde janeiro deste ano. Do total de PMs mortos, 40 foram assassinados com características de execução.
O Ministério Público estadual apura se a onda de violência que assola São Paulo tem ligação com a ordem de criminosos de uma facção que atua dentro e fora dos presídios paulistas para matar PMs. Em contrapartida, policiais militares estariam organizando milícias e grupos de extermínio para matar bandidos e vingarem as mortes dos colegas. Por conta dessa situação de assassinatos recordes sendo registrados praticamente todos os dias, o governo estadual e o governo federal devem se reunir nos próximos dias para discutir um plano de segurança visando pôr fim a onda de criminalidade em SP. Até as 20h deste sábado, 30 pessoas haviam morrido na Região Metropolitana em ataques violentos ou em confronto com a polícia nos três primeiros dias de novembro. Com a morte da policial, são 31.
O penúltimo caso aconteceu no início da tarde na capital paulista. A ação foi no meio do trânsito na Marginal Pinheiros. Policiais da Rota perseguiam Aldo Afonso de Lima, apontado como o chefe do tráfico de drogas da favela de Paraisópolis. “O indivíduo saiu do veículo realizando disparo de arma de fogo. A equipe revidou a esses disparos. Ele foi baleado, desarmado e socorrido ao Hospital Universitário”, diz o tenente Phelipe Regonato, comandante de pelotão da Rota. O traficante chegou ao hospital morto. De sexta-feira (2) para sábado (3), 20 pessoas foram baleadas na Grande São Paulo. Onze morreram.
Em Itaquera, Zona Leste de São Paulo, o dono de um carro foi assassinado quando saía de casa. Na Zona Norte, um policial ia para o trabalho de moto quando foi vítima de uma tentativa de assalto, mas os ladrões erraram os tiros. A região da Grande São Paulo que registrou o maior número de vítimas foi o ABC Paulista, onde 15 pessoas foram baleadas, sendo duas em Santo André e outras 13 em São Bernardo do Campo.
O motorista de um carro bateu na coluna de uma garagem e morreu. Parecia um acidente, mas o homem perdeu o controle da direção após levar um tiro. “Logo depois que os policiais chegaram, a gente identificou que bandidos tinham atirado nele”, afirma o morador Duílio Ferreira Santos. Também em São Bernardo, três homens que estavam em um carro roubado foram mortos depois de entrar em confronto com policiais. Dois outros casos foram em bares. Os atiradores estavam em motos. Em um deles, os clientes comemoravam um aniversário. “Um falou, ‘é barulho de moto’, falei que não, que era tiro. Quando saí, já tinham dois caídos, um atingido na perna e outro no pé. Fechei as portas às 2h e fui embora para casa”, afirma a comerciante Maria de Jesus Silva Dantas.
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