Banco de dados servirá para identificar com mais rapidez os culpados em casos de difícil solução
Instituto de Criminalística já está inserindo amostras de crimes no analisador genético para transferência ao banco de DNA
Uma mancha de sangue, um fio de cabelo, uma gota de esperma. Evidências
de crimes que ficavam restritas a investigações pontuais começam a
compor em Minas um banco de material genético para rastrear bandidos.
Comum em seriados de TV e usado por serviços de inteligência
internacionais, o sistema finalmente se consolida no estado e promete
revolucionar o trabalho da perícia. Antes usado apenas em crimes
sexuais, o banco de DNA mineiro incluirá vestígios das cenas do crime,
material biológico de cadáveres desconhecidos, de mortos em desastres em
massa e condenados por crimes hediondos. De imediato, o sistema surge
com a intenção de ser o maior do país, de acordo com o Instituto de
Criminalística da Polícia Civil. Até o meio do ano, a expectativa é de
chegar a 1 mil perfis genéticos cadastrados.
Já é um início, mas
ainda está muito distante da marca de 12 milhões de amostras registradas
pelo FBI (Federal Bureau of Investigation), nos Estados Unidos. Foi a
instituição que cedeu o Codis, software que começa a ser usado em Minas e
está presente em mais 14 estados. Os dados lançados pela polícia
mineira farão parte de uma rede nacional que usará o DNA para resolver
casos que, sem a tecnologia, seriam de difícil solução. Apesar de não
usar a plataforma Codis, a experiência com o banco de evidências
sexuais, trabalho pioneiro em Minas e que este ano completa 10 anos, é
exemplo disso e mostra a potencialidade do uso da tecnologia nas
investigações.
Por causa da prova do DNA, a polícia acaba de pôr
atrás das grades um maníaco que estuprou pelo menos oito mulheres na
região do Bairro Morro Alto, em Vespasiano, na Grande BH. Sem dar
detalhes da investigação sigilosa, a delegada responsável pelo caso,
Talita Martins Soares, conta que o autor dos crimes usava touca ninja,
luvas e artifícios que dificultavam sua identificação. Mas, como o
material genético do agressor havia sido coletado de uma das vítimas, a
prova do DNA comprovou ser o suspeito de fato o culpado pelo crime. “Era
um pai de família, trabalhador, acima de qualquer suspeita. Não há
dúvida de que a comparação de DNA nestes casos se torna uma prova quase
irrefutável, por isso a importância da coleta e a preservação do
material biológico”, afirma.
CRIMES SEXUAIS
Casos célebres também tiveram solução no banco de material genético. Em
2010, veio à tona a história de Marcos Antunes Trigueiro, que violentou
e estrangulou cinco mulheres na Grande BH. O cruzamento entre o DNA
dele e os vestígios genéticos deixados nas vítimas deu à polícia a
certeza de estar diante do serial killer. De acordo com a bioquímica
Maria Jenny Mitraud, perita criminal da Seção Técnica de Biologia Legal
do Instituto de Criminalística, desde o início do banco houve a
identificação de 17 perfis de maníacos que praticavam crimes em série.
O
banco de evidências de crimes sexuais conta hoje com 745 amostras, que
serão transferidas para o Codis. Também estão sendo inseridos vestígios
recolhidos em locais de crimes pela perícia. “Passamos a inserir o DNA
de amostras de sangue, esperma e, em breve, faremos o cruzamento desses
perfis genéticos com bancos de todo o país”, explica o perito da
Biologia Legal da Criminalística Giovanni Vitral Pinto. Dessa forma, a
polícia pode descobrir, por exemplo, que o material genético de um
suspeito de um crime em outro estado é o mesmo de um caso até então sem
solução em Minas.
Outra função do banco de DNA é a identificação
de cadáveres de desconhecidos e mortos em desastres em massa, como
incêndios ou quedas de aviões. “Os parentes fornecem material genético
de referência e o sistema constrói possíveis vínculos, verificando qual
daqueles corpos cadastrados poderia ser o da vítima procurada”, explica
Giovanni, que ressalta ainda o uso do banco para inocentar suspeitos.
“Pessoas que estão sendo acusadas de algum crime podem provar que são
inocentes pelo material genético.”
Coleta obrigatória de material genético
A
ampliação do banco de material genético criminal e a integração com os
de outros estados dependem ainda da publicação de um decreto
regulamentando a Lei 12.654, que entrou em vigor em novembro e prevê a
coleta do perfil genético como forma de identificação criminal. O
Ministério da Justiça informou que o documento está na Casa Civil, e que
não há informação sobre quando sairá o decreto. De acordo com a Polícia
Federal, que firmou acordo com o FBI permitindo o uso do sistema Codis,
é o decreto que tornará oficial a Rede Nacional de Perfis Genéticos e a
Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos (RIBPG).
A lei
prevê que condenados por crimes hediondos sejam submetidos,
obrigatoriamente, à identificação do perfil genético pela extração do
DNA, por técnica adequada e indolor. Com isso, ficará mais fácil cercar
criminosos em caso de reincidência. Antes da lei, sancionada em maio
pela presidente Dilma Rousseff, a legislação brasileira não previa a
coleta de material biológico dessa maneira.
parabéns, por essa parceria com o FBI, fico feliz como Brasileiro, de saber que nossa policia civil, acada dia melhora seu trabalho de investigação, acredito que existem, bons policias civil em nosso Brasil, com capacidade para desvendar criminalmente falando, crimes que ainda não foram descobertos, Deus continua, abençoando nossa policia civil e o FBI.
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