esde o dia 21 de dezembro do ano passado, policiais militares do
bairro Taquaral, um dos mais nobres de Campinas, cumprem a ordem de
abordar “indivíduos em atitude suspeita, em especial os de cor parda e
negra”. A orientação foi dada pelo oficial que chefia a companhia
responsável pela região, mas o Comando da PM nega teor racista na
determinação.
O documento assinado pelo capitão Ubiratan de
Carvalho Góes Beneducci orienta a tropa a agir com rigor, caso se depare
com jovens de 18 a 25 anos, que estejam em grupos de três a cinco
pessoas e tenham a pele escura. Essas seriam as características de um
suposto grupo que comete assaltos a residências no bairro.
A ordem do oficial foi motivada por uma carta de dois moradores. Um
deles foi vítima de um roubo e descreveu os criminosos dessa maneira.
Nenhum deles, entretanto, foi identificado pela Polícia Militar para que
as abordagens fossem direcionadas nesse sentido.
Para o frei Galvão, da Educafro, a ordem de serviço dá a entender
que, caso os policiais cruzem com um grupo de brancos, não há perigo. Na
manhã de hoje, ele pretende enviar um pedido de explicações ao
governador Geraldo Alckmin e ao secretário da Segurança Pública,
Fernando Grella.
O DIÁRIO solicitou entrevista com o capitão Beneducci, sem sucesso. A
reportagem também pediu outro ofício semelhante, em que o alvo das
abordagens fosse um grupo de jovens brancos, mas não obteve resposta até
o fim desta edição.
Confira a íntegra da nota de esclarecimento enviada pelo Comando da Polícia Militar:
A Polícia Militar lamenta que um grupo historicamente discriminado
pela sociedade, que são os negros, seja usado para fazer
sensacionalismo.
O caso concreto trata de ordem escrita de uma autoridade policial
militar, atendendo aos pedidos da comunidade local, no sentido de
reforçar o policiamento com vistas a um grupo de criminosos, com
características específicas, que por acaso era formado por negros e
pardos. A ordem é clara quanto à referência a esse grupo: “focando
abordagens a transeuntes e em veículos em atitude suspeita,
especialmente indivíduos de cor parda e negra com idade aparentemente de
18 a 25 anos, os quais sempre estão em grupo de 3 a 5 indivíduos na
prática de roubo a residência naquela localidade”.
A ordem
descreve ainda os locais (quatro ruas) e horário em que os crimes
ocorrem. Logo, não há o que se falar em discriminação ou em atitude
racista, tendo o capitão responsável emitido a ordem com base em
indicadores concretos e reais. Discriminação e racismo é o fato de
explorar essa situação de maneira irresponsável e fora de
contextualização.
Fonte: redebomdia.com.br
Veja a Ordem:
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