BELO HORIZONTE na contramão dos outros
estados da Região Sudeste, Minas Gerais viu aumentar seu índice de
mortes violentas, segundo o DataSus, entre 2001 e 2011: de 49 para 73
por 100 mil habitantes (crescimento de 48%). No caso mineiro, houve
aumento tanto entre mortes no trânsito quanto assassinatos. Em 2011, 33%
das mortes violentas foram por acidentes de transporte e 30% por
homicídios no estado.
Os casos de assassinatos também crescem, inclusive no interior. Na
última quinta-feira, um dermatologista foi baleado durante troca de
tiros entre policiais e bandidos que explodiram um caixa eletrônico em
Uberlândia. Marcus Vinícius Buissa estava de plantão e, ao ouvir o
estrondo da explosão, saiu da clínica para ver o que ocorria e foi a
atingido no peito. Um PM foi preso suspeito de ser o autor do disparo.
No mesmo dia, Michael Douglas Amadio, de 20 anos, confessou ter matado
os avós, ambos de 68 anos, a facadas em São Sebastião do Paraíso, no Sul
de Minas. Ele cometeu o crime na madrugada da quarta-feira e, depois,
roubou um Santana Quantum para pagar uma dívida de R$ 8 mil com um
traficante da cidade.
Em 2010, a população ficou chocada com a descoberta de uma quadrilha
envolvida em extorsão, lavagem de dinheiro e assassinatos de
empresários. Conhecido como “Bando da Degola”, o grupo torturou, matou e
decapitou dois empresários num apartamento em Belo Horizonte. Os
acusados estão sendo julgados.
Para o doutor em Sociologia Luiz Flávio Sapori, coordenador do Centro
de Estudos e Pesquisa em Segurança Pública da PUC Minas, o aumento do
tráfico de drogas e a ineficiência das forças de segurança são
responsáveis pelo crescimento da violência no estado:
— Na última década, houve uma consolidação do tráfico de drogas no
estado, principalmente do crack, diferente dos estados do Rio e São
Paulo, que já viveram essa realidade há 20 anos. O tráfico é um dos
fatores. O outro diz respeito ao aparato de segurança, defasado e
ineficiente. Não se trata de um problema só da polícia, mas envolve a
morosidade da Justiça e a superlotação dos presídios — afirmou.
Para governo, MG tem uma das taxas mais baixas
A Secretaria de Defesa Social de Minas Gerais, em nota, contestou os
resultados obtidos com o cruzamento de dados do DataSus e da Pnad,
elaborados pelo GLOBO, e apresentou leitura distinta. “Minas continua
com a 22ª posição do ranking nacional de mortes por homicídios, na
avaliação do período 2001/2011, delimitado pela pesquisa. Ou seja,
manteve, nos últimos dez anos, a 6ª melhor taxa de homicídios do país.
Quando a avaliação dos homicídios ocorre entre os jovens de 12 a 24
anos, o estado possui a 11ª melhor taxa, entre os 27 estados da
federação”, diz a nota do governo, citando dados do Mapa da Violência,
divulgado na semana passada. O secretário de Defesa Social, Rômulo
Ferraz, alegou dificuldades na agenda para não dar entrevista ao GLOBO.
Ainda de acordo com a nota, “apesar do crescimento percentual das taxas
de homicídios nos últimos dez anos, Minas ainda possui a segunda melhor
taxa de homicídios, que leva em conta a densidade populacional (21,5
mortes a cada 100 mil habitantes) perdendo apenas para São Paulo (taxa
de 13,5)”.
Fonte: O Globo
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