Remuneração ruim afasta profissionais de boa qualidade, e muitos fazem "bico"
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FOTO: RODRIGO CLEMENTE - 29.5.2011
Morte da carreira. No ano passado, durante uma greve que durou 70 dias, policiais civis de Minas fizeram várias manifestações
Com salário inicial de R$ 6.288,56
e sem qualquer gratificação para quem
ingressa na profissão, delegados da Polícia
Civil de Minas têm a remuneração mais baixa
do Brasil, na comparação com os colegas
de outros Estados. A última colocação em
um ranking nacional feito anualmente pela
Associação dos Delegados de Polícia do
Estado de São Paulo (Adpesp) foi considerada "um vexame" por entidades
que representam a classe em Minas. Ao lado das más condições de trabalho,
o pagamento pouco atrativo é apontado como uma das principais causas de
evasão do cargo.
Com os descontos, o salário para servidores em início de carreira cai para
cerca de R$ 4.000. "É triste. Por isso que tantas pessoas estão desistindo
da profissão", afirma um delegado da região metropolitana, que não quis
ter o nome divulgado. No cargo há seis anos e com dois quinquênios, ele
recebe R$ 7.500 brutos, que viram cerca de R$ 6.000 líquidos. "Tem iniciante
fazendo até ‘bico’ de taxista", diz.
No ranking do ano passado, Minas era o penúltimo Estado, com salário
de R$ 5.849,08. A Adpesp se baseia em informações fornecidas por
associações de classe e entidades representativas para elaborar a lista.
"Um profissional bem-remunerado fica mais motivado e presta um serviço
de muito mais qualidade. Hoje, em vários Estados, faltam políticas sérias
voltadas para a segurança", analisa a presidente da associação paulista,
Marilda Pansonato Pinheiro.
Para o cientista político Guaracy Mingardi, do Fórum Nacional de Segurança
Pública, a remuneração afasta bons bacharéis em direito que poderiam se
candidatar aos concursos para delegado. Muitos preferem tentar carreiras
como a de promotor de Justiça ou de juiz. "A longo prazo, ocorre uma
diminuição na qualidade daqueles que, efetivamente, lideram as investigações
dos crimes". Em Minas, promotores e juízes têm salário inicial de R$ 20 mil - três
vezes maior que o vencimento de delegados.
Trampolim. São comuns os casos de delegados que, mesmo no cargo,
continuam estudando para outros concursos. "A carreira é usada como trampolim",
explica o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais
(Sindepominas), Marco Antônio Abreu Chedid. Segundo ele, dois abandonos,
em média, são registrados por mês.
Em São Paulo, segundo a Adpesp, a formação de um delegado, que inclui
cursos e treinamentos, custa entre R$ 80 mil e R$ 100 mil. O governo de
Minas não informou quanto gasta com cada profissional.
Sobrecarga
Trabalho. No interior, delegados respondem por até sete cidades. Dos 853
municípios do Estado, só 344 têm delegacia. Segundo o governo, estão sendo
feitos estudos para avaliar se há necessidade de criar novas unidades.
e sem qualquer gratificação para quem
ingressa na profissão, delegados da Polícia
Civil de Minas têm a remuneração mais baixa
do Brasil, na comparação com os colegas
de outros Estados. A última colocação em
um ranking nacional feito anualmente pela
Associação dos Delegados de Polícia do
Estado de São Paulo (Adpesp) foi considerada "um vexame" por entidades
que representam a classe em Minas. Ao lado das más condições de trabalho,
o pagamento pouco atrativo é apontado como uma das principais causas de
evasão do cargo.
Com os descontos, o salário para servidores em início de carreira cai para
cerca de R$ 4.000. "É triste. Por isso que tantas pessoas estão desistindo
da profissão", afirma um delegado da região metropolitana, que não quis
ter o nome divulgado. No cargo há seis anos e com dois quinquênios, ele
recebe R$ 7.500 brutos, que viram cerca de R$ 6.000 líquidos. "Tem iniciante
fazendo até ‘bico’ de taxista", diz.
No ranking do ano passado, Minas era o penúltimo Estado, com salário
de R$ 5.849,08. A Adpesp se baseia em informações fornecidas por
associações de classe e entidades representativas para elaborar a lista.
"Um profissional bem-remunerado fica mais motivado e presta um serviço
de muito mais qualidade. Hoje, em vários Estados, faltam políticas sérias
voltadas para a segurança", analisa a presidente da associação paulista,
Marilda Pansonato Pinheiro.
Para o cientista político Guaracy Mingardi, do Fórum Nacional de Segurança
Pública, a remuneração afasta bons bacharéis em direito que poderiam se
candidatar aos concursos para delegado. Muitos preferem tentar carreiras
como a de promotor de Justiça ou de juiz. "A longo prazo, ocorre uma
diminuição na qualidade daqueles que, efetivamente, lideram as investigações
dos crimes". Em Minas, promotores e juízes têm salário inicial de R$ 20 mil - três
vezes maior que o vencimento de delegados.
Trampolim. São comuns os casos de delegados que, mesmo no cargo,
continuam estudando para outros concursos. "A carreira é usada como trampolim",
explica o presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia de Minas Gerais
(Sindepominas), Marco Antônio Abreu Chedid. Segundo ele, dois abandonos,
em média, são registrados por mês.
Em São Paulo, segundo a Adpesp, a formação de um delegado, que inclui
cursos e treinamentos, custa entre R$ 80 mil e R$ 100 mil. O governo de
Minas não informou quanto gasta com cada profissional.
Sobrecarga
Trabalho. No interior, delegados respondem por até sete cidades. Dos 853
municípios do Estado, só 344 têm delegacia. Segundo o governo, estão sendo
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